O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 5 item 19;
O mal e o
remédio
19. Será a
Terra um lugar de gozo, um paraíso de delícias? Já não ressoa mais aos vossos
ouvidos a voz do profeta? Não proclamou ele que haveria prantos e ranger de
dentes para os que nascessem nesse vale de dores? Esperai, pois, todos vós que
aí viveis, causticantes lágrimas e amargo sofrer e, por mais agudas e profundas
sejam as vossas dores, volvei o olhar para o Céu e bendizei do Senhor por ter
querido experimentar-vos... Ó homens! dar-se-á não reconheçais o poder do vosso
Senhor, senão quando ele vos haja curado as chagas do corpo e coroado de
beatitude e ventura os vossos dias? Dar-se-á não reconheçais o seu amor, senão
quando vos tenha adornado o corpo de todas as glórias e lhe haja restituído o
brilho e a brancura? Imitai aquele que vos foi dado para exemplo. Tendo chegado
ao último grau da abjeção e da miséria, deitado sobre uma estrumeira, disse ele
a Deus: "Senhor, conheci todos os deleites da opulência e me reduzistes à
mais absoluta miséria; obrigado, obrigado, meu Deus, por haverdes querido
experimentar o vosso servo!" Até quando os vossos olhares se deterão nos
horizontes que a morte limita? Quando, afinal, vossa alma se decidirá a
lançar-se para além dos limites de um túmulo? Houvésseis de chorar e sofrer a
vida inteira, que seria isso, a par da eterna glória reservada ao que tenha
sofrido a prova com fé, amor e resignação? Buscai consolações para os vossos
males no porvir que Deus vos prepara e procurai-lhe a causa no passado. E vós,
que mais sofreis, considerai-vos os afortunados da Terra.
Como
desencarnados, quando pairáveis no Espaço, escolhestes as vossas provas, julgando-vos
bastante fortes para as suportar. Por que agora murmurar? Vós, que pedistes a riqueza
e a glória, queríeis sustentar luta com a tentação e vencê-la. Vós, que
pedistes para lutar de corpo e espírito contra o mal moral e físico, sabíeis
que quanto mais forte fosse a prova, tanto mais gloriosa a vitória e que, se
triunfásseis, embora devesse o vosso corpo parar numa estrumeira, dele, ao
morrer, se desprenderia uma alma de rutilante alvura e purificada pelo batismo
da expiação e do sofrimento.
Que remédio,
então, prescrever aos atacados de obsessões cruéis e de cruciantes males? Só um
é infalível: a fé, o apelo ao Céu. Se, na maior acerbidade dos vossos sofrimentos,
entoardes hinos ao Senhor, o anjo, à vossa cabeceira, com a mão vos apontará o sinal
da salvação e o lugar que um dia ocupareis... A fé é o remédio seguro do
sofrimento; mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem
os poucos dias brumosos do presente. Não nos pergunteis, portanto, qual o
remédio para curar tal úlcera ou tal chaga, para tal tentação ou tal prova.
Lembrai-vos de que aquele que crê é forte pelo remédio da fé e que aquele que
duvida um instante da sua eficácia é imediatamente punido, porque logo sente as
pungitivas angústias da aflição. O Senhor apôs o seu selo em todos os que nele
crêem. O Cristo vos disse que com a fé se transportam montanhas e eu vos digo
que aquele que sofre e tem a fé por amparo ficara sob a sua égide e não mais
sofrerá. Os momentos das mais fortes dores lhe serão as primeiras notas alegres
da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal maneira do corpo, que, enquanto
se estorcer em convulsões, ela planará nas regiões celestes, entoando, com os
anjos, hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor. Ditosos os que sofrem e
choram! Alegres estejam suas almas, porque Deus as cumulará de
bem-aventuranças. - Santo Agostinho. (Paris, 1863.)
O Livro dos Espíritos, questões 258, 258a, 266, 924 e 931;
258. Quando na erraticidade, antes
de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do
que lhe sucederá no curso da vida terrena?
“Ele próprio escolhe o gênero de provas
por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”
a) - Não é Deus, então, quem lhe
impõe as tribulações da vida, como castigo?
“Nada ocorre sem a permissão de Deus,
porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide
agora perguntar por que decretou Ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a
liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e
das conseqüências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe
acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á
a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a
liberdade de recomeçar o que foi mal feito. Demais, cumpre se distinga o que é
obra da vontade de Deus do que o é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não
fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos
expordes, por haverdes visto nisso um meio de progredirdes, e Deus o permitiu.”
266. Não parece natural que se
escolham as provas menos dolorosas?
“Pode parecer-vos a vós; ao Espírito,
não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser
a sua maneira de pensar.”
Sob a influência das idéias carnais, o
homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Tal a razão de lhe parecer
natural sejam escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os
gozos materiais. Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros
com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma
impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. Assim, pois, o
Espírito pode escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada
existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente
escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto.
Aquele que intenta ligar seu nome à descoberta de um país desconhecido não
procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos a que se arrisca, mas
também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito. A doutrina da liberdade
que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer
deixa de parecer singular, desde que se atenda a que os Espíritos, uma vez desprendidos
da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-los.
Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugitivos do mundo.
Após cada existência, vêem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes
falta em pureza para atingirem aquela meta. Daí o se submeterem voluntariamente
a todas as vicissitudes da vida corpórea, solicitando as que possam fazer que a
alcancem mais presto. Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito não
preferir a existência mais suave. Não lhe é possível, no estado de imperfeição
em que se encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele o percebe e,
precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar. Não vemos,
aliás, todos os dias, exemplos de escolhas tais? Que faz o homem que passa uma
parte de sua vida a trabalhar sem trégua, nem descanso, para reunir haveres que
lhe assegurem o bem-estar, senão desempenhar uma tarefa que a si mesmo se
impôs, tendo em vista melhor futuro? O militar que se oferece para uma perigosa
missão, o navegante que afronta não menores perigos, por amor da Ciência ou no
seu próprio interesse, que fazem, também eles, senão sujeitar-se a provas
voluntárias, de que lhes advirão honras e proveito, se não sucumbirem? A que se
não submete ou expõe o homem pelo seu interesse ou pela sua glória? E os
concursos não são também todos provas voluntárias a que os concorrentes se
sujeitam, com o fito de avançarem na carreira que escolheram? Ninguém galga
qualquer posição nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando pela
série das posições inferiores, que são outras tantas provas. A vida humana é,
pois, cópia da vida espiritual; nela se nos deparam em ponto pequeno todas as
peripécias da outra. Ora, se na vida terrena muitas vezes escolhemos duras provas,
visando posição mais elevada, por que não haveria o Espírito, que enxerga mais
longe que o corpo e para quem a vida corporal é apenas incidente de curta
duração, de escolher uma existência árdua e laboriosa, desde que o conduza à
felicidade eterna? Os que dizem que pedirão para ser príncipes ou milionários,
uma vez que ao homem é que caiba escolher a sua existência, se assemelham aos
míopes, que apenas vêem aquilo em que tocam, ou a meninos gulosos, que, a quem
os interroga sobre isso, respondem que desejam ser pasteleiros ou doceiros. O
viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro não logra
apanhar com a vista a extensão da estrada por onde vai, nem os seus pontos
extremos. Chegando, porém, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto
percorreu do caminho e quanto lhe resta dele a percorrer. Divisa-lhe o termo,
vê os obstáculos que ainda terá de transpor e combina então os meios mais
seguros de atingi-lo. O Espírito encarnado é qual viajante no sopé da montanha.
Desenleado dos liames terrenais, sua visão tudo domina, como a daquele que
subiu à crista da serrania. Para o viajor, no termo da sua jornada está o
repouso após a fadiga; para o Espírito, está a felicidade suprema, após as
tribulações e as provas.
Dizem todos os Espíritos que, na
erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, a fim de fazerem
a sua escolha. Na vida corporal não se nos oferece um exemplo deste fato? Não
levamos, freqüentemente, anos a procurar a carreira pela qual afinal nos
decidimos, certos de ser a mais apropriada a nos facilitar o caminho da vida?
Se numa o nosso intento se malogra, recorremos a outra. Cada uma das que
abraçamos representa uma fase, um período da vida. Não nos ocupamos cada dia em
cogitar do que faremos no dia seguinte? Ora, que são, para o Espírito as
diversas existências corporais, senão fases, períodos, dias da sua vida
espírita, que é, como sabemos, a vida normal, visto que a outra é transitória,
passageira?
924. Há males que independem da
maneira de proceder do homem e que atingem mesmo os mais justos. Nenhum meio
terá ele de os evitar?
“Deve resignar-se e sofrê-los sem
murmurar, se quer progredir. Sempre, porém, lhe é dado haurir consolação na
própria consciência, que lhe proporciona a esperança de melhor futuro, se fizer
o que é preciso para obtê-lo.”
931. Por que são mais numerosas, na
sociedade, as classes sofredoras do que as felizes?
“Nenhuma é perfeitamente feliz e o que
julgais ser a felicidade muitas vezes oculta pungentes aflições. O sofrimento
está por toda parte. Entretanto, para responder ao teu pensamento, direi que as
classes a que chamas sofredoras são mais numerosas, por ser a Terra lugar de
expiação. Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, o
homem deixará de ser infeliz aí e ela lhe será o paraíso terrestre.”
Assim vencerás, capítulo 36;
RECADO DE DEUS
Emmanuel
Guardas,
talvez, a dor
De fracassos sofridos...
Lutaste mas perdeste
O que mais desejavas.
Entretanto, não temas,
Volve ao trabalho e espera.
Entenderás, aos poucos,
Que o fracasso foi bênção.
Toda noite anuncia
A vitória da luz.
O sofrimento, em si,
É um recado de Deus.
(“Assim
Vencerás”de Francisco Cândido Xavier e Emmanuel)
Caminho, verdade e vida, capítulo 71;
PARA TESTEMUNHAR
“E
vos acontecerá isto para testemunho.” — Jesus. (LUCAS, capítulo21, versículo
13.)
Naturalmente que o Mestre não folgará
de ver seus discípulos mergulhados no sofrimento. Considerando, porém, as
necessidades extensas dos homens da Terra, compreende o caráter indispensável
das provações e dos obstáculos.
A pedagogia moderna está repleta de
esforços seletivos, de concursos de capacidade, de testes da inteligência.
O Evangelho oferece situações
semelhantes.
O amigo do Cristo não deve ser uma
criatura sombria, à espera de padecimentos; entretanto, conhecendo a sua
posição de trabalho, num plano como a Terra, deve contar com dificuldades de
toda sorte.
Para os gozos falsificados do mundo, o
Planeta está cheio de condutores enganados.
Como invocar o Salvador para a
continuidade de fantasias? Quando chamados para o Cristo, é para que aprendamos
a executar o trabalho em favor da esfera maior, sem olvidarmos que o serviço
começa em nós mesmos.
Existem muitos homens de valor cultural
que se constituíram em mentores dos que desejam mentirosos regalos no plano
físico. No Evangelho, porém, não acontece assim. Quando o Mestre convida alguém
ao seu trabalho, não é para que chore em desalento ou repouse em satisfação
ociosa.
Se o Senhor te chamou, não te esqueças
de que já te considera digno de testemunhar.
(“Caminho, verdade e vida”, de F C Xavier e Emmanuel)
Caminho, verdade e vida, capítulo 172;
LÁGRIMAS
“Vinde
a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vosaliviarei.” — Jesus.
(MATEUS, capítulo 11, versículo 28.)
Ninguém como Cristo espalhou na Terra
tanta alegria e fortaleza de ânimo.
Reconhecendo isso, muitos discípulos
amontoam argumentos contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento.
O Paraíso já estaria na Terra se
ninguém tivesse razões para chorar. Considerando assim, Jesus, que era o Mestre
da confiança e do otimismo, chamava ao seu coração todos os que estivessem
cansados e oprimidos sob o peso de desenganos terrestres.
Não amaldiçoou os tristes: convocou-os
à consolação.
Muita gente acredita na lágrima sintoma
de fraqueza espiritual. No entanto, Maria soluçou no Calvário; Pedro
lastimou-se, depois da negação; Paulo mergulhou-se em pranto às portas de
Damasco; os primeiros cristãos choraram nos circos de martírio... mas, nenhum
deles derramou lágrimas sem esperança. Prantearam e seguiram o caminho do
Senhor, sofreram e anunciaram a Boa Nova da Redenção, padeceram e morreram
leais na confiança suprema.
O cansaço experimentado por amor ao
Cristo converte-se em fortaleza, as cadeias levadas ao seu olhar magnânimo
transformam-se em laços divinos de salvação.
Caracterizam-se as lágrimas através de
origens específicas. Quando nascem da dor sincera e construtiva, são filtros de
redenção e vida; no entanto, se procedem do desespero, são venenos mortais.
(“Caminho, verdade e vida”, de F C Xavier e Emmanuel)
Cartas do coração, “Confia sempre”;
CONFIA SEMPRE
Meimei
Não percas a tua fé entre as sombras do mundo.
Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para a
frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo.
Crê e trabalha.
Esforça-te no bem e espera com paciência.
Tudo passa e tudo se renova na Terra, mas o que vem do céu
permanecerá.
De todos os infelizes, os mais desditosos são os que
perderam a confiança em Deus e em si mesmos, porque o maior infortúnio é sofrer
a privação da fé e prosseguir vivendo.
Eleva, pois, o teu olhar e caminha.
Luta e serve. Aprende e adianta-te.
Brilha a alvorada além da noite.
Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e
te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a
morte...
Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.
("Cartas do Coração" de Francisco C. Xavier e espíritos diversos)
Crônicas de Além-Túmulo, “A lenda das lágrimas”;
A LENDA DAS LÁGRIMAS
Humberto de Campos
27 de novembro de 1936
Rezam as lendas bíblicas que o Senhor, após os seis dias de
grandes atividades da criação do mundo, arrancado do caos pela sua sabedoria,
descansou no sétimo para apreciar a sua obra.
E o Criador via os portentos da Criação, maravilhado de
paternal alegria. Sobre os mares imensos voejavam as aves alegres; nas
florestas espessas desabrochavam flores radiantes de perfumes, enquanto as
luzes, na imensidade, clarificavam as apoteoses da Natureza, resplandecendo no
Infinito, para louvar-lhe a glória e lhe exaltar a grandeza.
Jeová, porém, logo após a queda de Adão e depois de
expulsá-lo do Paraíso, a fim de que ele procurasse na Terra o pão de cada dia
com o suor do trabalho, recolheu-se entristecido aos seus imensos impérios
celestiais, repartindo a sua obra terrena em departamentos diversos, que
confiou às potências angélicas.
O Paraíso fechou-se então para a Terra, que se viu insulada
no seio do Infinito. Adão ficou sobre o mundo, com a sua descendência
amaldiçoada, longe das belezas do éden perdido, e, no lugar onde se encontravam
as grandiosidades divinas, não se viu mais que o vácuo azulado da atmosfera.
E o Senhor, junto dos Serafins, dos Arcanjos e dos Tronos,
na sagrada curul da sua misericórdia, esperou que o tempo passasse. Escoavam-se
os anos, até que um dia o Criador convocou os Anjos a que confiara a gestão dos
negócios terrestres, os quais lhe deviam apresentar relatórios precisos, acerca
dos vários departamentos de suas responsabilidades individuais. Prepararam-se
no Céu festas maravilhosas e alegrias surpreendentes para esse movimento de
confraternização das forças divinas e, no dia aprazado, ao som de músicas
gloriosas, chegavam ao Paraíso os poderes angélicos encarregados da missão de
velar pelo orbe terreno. O Senhor recebeu-os com a sua bênção, do alto do seu
trono bordado de lírios e de estrelas, e, diante da atenção respeitosa de todos
os circundantes, falou o Anjo das Luzes:
- “Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra
continuam refletindo as bênçãos da vossa misericórdia. O Sol ilumina os dias
terrenos com os resplendores divinos, vitalizando todas as coisas da Natureza e
repartindo com elas o seu calor e a sua energia. Nos crepúsculos, o firmamento
recita os seus poemas de estrelas e as noites são ali clarificadas pelos raios
tênues e puros dos plenilúnios divinos. Nas paisagens terrestres, todas as
luzes evocam o vosso poder e a vossa misericórdia, enchendo a vida das
criaturas de claridades benditas!...”
Deus abençoou o Anjo das Luzes, concedendo-lhe a faculdade
de multiplicá-las na face do mundo.
Depois, veio o Anjo da Terra e das Águas, exclamando com
alegria:
- “Senhor, sobre o mundo que criastes, a terra continua
alimentando fartamente todas as criaturas; todos os reinos da Natureza retiram
dela os tesouros sagrados da vida. E as águas, que parecem constituir o sangue
bendito da vossa obra terrena, circulam no seu seio imenso, cantando as vossas
glórias incomensuráveis. Os mares falam com violência, afirmando o vosso poder
soberano, e os regatos macios dizem, nos silvedos, da vossa piedade e brandura.
As terras e as águas do mundo são plenas afirmações da vossa magnífica
complacência!...”
E o Criador agradeceu as palavras do servidor fiel,
abençoando-lhe os trabalhos.
Em seguida, falou, radiante, o Anjo das Árvores e das
Flores:
- “Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra
vem sendo cumpridas com sublime dedicação. As árvores oferecem sua sombra, seus
frutos e utilidades a todas as criaturas, como braços misericordiosos do vosso
amor paternal, estendidos sobre o solo do Planeta. Quando maltratadas, sabem
ocultar suas angústias, prestando sempre, com abnegação e nobreza, o concurso
da sua bondade à existência dos homens. Algumas, como sândalo, quando
dilaceradas, deixam extravasar de suas feridas taças invisíveis de aroma,
balsamizando o ambiente em que nasceram... E as flores, meu Pai, são piedosas
demonstrações das belezas celestiais nos tapetes verdoengos da Terra inteira.
Seus perfumes falam, em todos os momentos, da vossa magnanimidade e
sabedoria...”
E o Senhor, das culminâncias do seu trono radioso, abençoou
o servo fiel, facultando-lhe o poder de multiplicar a beleza e as utilidades
das árvores e das flores terrestres.
Logo após, falou o Anjo dos Animais, apresentando a Deus um
relato sincero, a respeito da vidas dos seus subordinados:
- “Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as vossas
leis, acatara vossa vontade. Todos vivem em harmonia com as disposições
naturais da existência que a vossa sabedoria lhes traçou. Não abusam de suas
faculdades procriadoras e têm uma época própria para o desempenho dessas
funções, consoante aos vossos desejos. Todos têm a sua missão de cumprir e
alguns deles se colocaram, abnegadamente, ao lado do homem, para substituí-lo
nos mais penosos misteres, ajudando-o a conservar a saúde e a buscar no
trabalho o pão de cada dia. As aves, Senhor, são turíbulos alados, incensando,
do altar da natureza terrestre, o vosso trono celestial, cantando as vossas
grandezas ilimitadas. Elas se revezam, constantemente, para vos prestarem essa
homenagem de submissão e de amor, e, enquanto algumas cantam durante as horas
do dia, outras se reservam para as horas da noite, de modo a glorificarem
incessantemente as belezas admiráveis da Criação, louvando-se a sabedoria do
seu Autor Inimitável!...”
E Deus, com um sorriso de júbilo paternal, derramou sobre o
dedicado mensageiro as vibrações do seu divino agradecimento.
Foi quando, então, chegou a vez da palavra do Anjo dos
Homens. Taciturno e entre angústias, provocando a admiração dos demais, pela
sua consternação e pela sua tristeza, exclamou compungidamente:
- “Senhor!... ai de mim! enquanto meus companheiros vos
podem falar da grandeza com que são executados os vossos decretos na face do
mundo, pelos outros elementos da Criação, não posso afirmar o mesmo dos
homens... A descendência de Adão se perde num labirinto de lutas criado por ela
mesma. Dentro das possibilidades do seu livre-arbítrio, é engenhosa e sutil, a
inventar todos os motivos para a sua perdição. Os homens já criaram toda sorte
de dificuldades, desvios e confusões para a sua vida na Terra. Inventaram, ali,
a chamada propriedade sobre os bens que vos pertencem inteiramente, e dão curso
a uma vida abominável de egoísmo e ambição pelo domínio e pela posse; toda a
Terra está dividida indebitamente, e as criaturas humanas se entregam à tarefa
absurda da destruição das vossas leis grandiosas e eternas. Segundo o que
observo no mundo, não tardará que surjam os movimentos homicidas entre as
criaturas, tal a extensão das ânsias incontidas de conquistar e possuir...”
O Anjo dos Homens, todavia, não conseguiu continuar.
Convulsivos soluços embargaram-lhe a voz; mas o Senhor, embora amargurado e
entristecido, desceu generosamente do sólio de magnificências divinas e,
tomando-lhe as mãos, exclamou com bondade:
- “A descendência de Adão ainda se lembra de mim?
- Não, Senhor!... Desgraçadamente os homens vos
esqueceram... – murmurou o Anjo com amargura.
- Pois bem – replicou o Senhor paternalmente -, essa
situação será remediada!...”
E, alçando as mão generosas, fez nascer, ali mesmo no Céu,
um curso de águas cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas
liquefeitas, entregou-a a seu último servidor, exclamando:
- “Volta à Terra e derrama no coração de seus filhos este
licor celeste, a que chamarás água das lágrimas... Seu gosto tem ressaibos de
fel, mas esse elemento terá a propriedade de fazer que os homens me recordem,
lembrando-se da minha misericórdia paternal... Se eles sofrem e se desesperam
pela posse efêmera das coisas atinentes à vida terrestre, é porque me
esqueceram, olvidando a sua origem divina.”
E desde esse dia o Anjo dos Homens derrama na alma
atormentada e aflita da Humanidade a água bendita das Lágrimas remissoras; e
desde essa hora, cada criatura humana, no momento dos seus prantos e das suas
amarguras, nas dificuldades e nos espinhos do mundo, recorda, instintivamente,
a paternidade de Deus e as alvoradas divinas da vida espiritual.
(“Crônicas de Além Túmulo”, de Francisco Cândido Xavier e H
de Campos)
Ceifa de luz, capítulo 31;
AFLIÇÃO
"Olhai por vós mesmos”.- JOÃO (II João, 1:8.).
Cada criatura retorna à terra com a aflição que lhe diz
respeito às lides regeneradoras.
Aflição que nos expressa o passado renascente ou nos define
o débito atuante na Contabilidade Divina.
Aqui, é a enfermidade, que o tempo trará inevitável, quando
precisa, ao campo de nossos impulsos inferiores.
Ali, é a condição social, repleta de espinhos, em que se nos
ajustarão as diretrizes e os pensamentos.
Acolá, é o templo doméstico, transformado em cadinho de angustiosos
padecimentos, caldeando-nos emoções e idéias, para que a simplicidade nos
retome a existência.
Além, é a tarefa representativa em que o estandarte do bem
comum exige de nós os mais largos testemunhos de compreensão e renúncia,
reclamando-nos integral ajustamento à felicidade dos outros, antes de cogitar
de nossa própria felicidade.
Em toda parte, encontra a criatura a aflição quando vista
por ensinamento bendito, propondo-lhe as mais belas conquistas espirituais para
a Esfera Superior.
Entretanto, se o caminho terreno é a nossa prova salvadora,
somos em nós o grande problema da vida, de vez que estamos sempre interessados
na deserção do trabalho difícil que nos conferirá o tesouro da experiência.
Trânsfugas do dever, nas menores modalidades, achamo-nos
sempre à caça de consolação e reconforto, disputando escusas e moratórias, com
o que apenas adiamos indefinidamente a execução dos serviços indispensáveis à
restauração de nós mesmos.
Saibamos valorizar a nossa oportunidade de crescimento para
o Mundo Maior, abraçando na aflição construtiva da jornada o medicamento capaz
de operar-nos a própria cura ou o recurso suscetível de arrojar-nos a mais
altos níveis de evolução.
Não bastará sofrer.
É preciso aproveitar o concurso da dor, convertendo-a em
roteiro de luz.
Colocados, desse modo, entre as provações que nos assinalam
a senda de cada dia, usemos constantemente a chave do sacrifício próprio, em
favor da paz e da alegria dos que nos cercam, porque somente diminuindo as
provações alheias é que conseguiremos converter as nossas em talentos de amor
para as Bem-aventuranças Imperecíveis.
(“Ceifa de Luz”, de F C Xavier e Emmanuel)
Ceifa de luz, capítulo 32;
A
MESTRA DIVINA
“Estai, pois,
firmes...” – PAULO. (Efésios, 6:14)
Arrancando-nos
ao reduto da delinqüência, e arrebatando-nos ao inferno da culpa, a que
descemos pelo desvario da própria vontade, concede-nos o Senhor a mestra
divina, que, apoiada no tempo, se converte na enfermeira de nossos males e no
anjo infatigável que nos ampara o destino.
Paciente
e imperturbável, devolve-nos todos os golpes com que dilaceramos o corpo da
vida, para que não persistamos na grade do erro ou nos cárceres do remorso.
Aqui,
modela berços entre chagas atrozes com que nos restaura os desequilíbrios do
sentimento, ali traça programas reparadores entre os quais padecemos no próprio
corpo as feridas que abrimos no peito dos semelhantes.
Agora,
reúne nos laços do mesmo sangue ferrenhos adversários que se digladiavam no
ódio para que se reconciliem por intermédio de prementes obrigações, segundo os
ditames da natureza; depois constrange à carência aflitiva, no lar empobrecido
e doente, quantos se desmandaram nos abusos da avareza e da ambição sem
limites, a fim de que retornem ao culto da verdadeira fraternidade.
Hoje,
refaz a inteligência transviada nas sombras, pelo calvário da idiotia, amanhã,
recompõe com o buril de moléstias ingratas a beleza do espírito que os nossos
desregramentos no corpo transformam tantas vezes em fealdade e ruína.
Aqui
corrige, adiante esclarece, além reajusta, mais além aprimora.
Incansável
na marcha, cria e destrói, para reconstruir ante as metas do bem eterno, usando
aflição e desgosto, desencanto e amargura, para que a paz e a esperança, a
alegria e a vitória nos felicitem mais tarde, no santuário da experiência.
Semelhante
gênio invariável e amigo é a dor benemérita, cujo precioso poder sana todos os
desequilíbrios e problemas do mal.
Recordemos:
no recinto doméstico ou na estrada maior, ante os amigos e os deafetos, na
jornada de cada dia, quando visitados pela provação que nos imponha suor e
lágrimas, asserenemos o próprio espírito e, sorrindo para o trabalho com que a
dor nos favorece, agradeçamos a dificuldade, aceitando a lição.
(“Ceifa de Luz”, de F C Xavier e Emmanuel)
O Consolador, questão 354;
354 –Poder-se-á definir o que é ter fé?
-Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em
Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração
repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.
Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais
dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados
pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da
vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação,
pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela
exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz
divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do
espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no
escravo a vontade do Senhor”.
Contos desta e doutra vida, capítulo 5;
O ANJO CINZENTO
Irmão X
Para que o Homem adquirisse confiança em Sua Bondade
Infinita, determinou o Senhor que vários Anjos o amparassem na Terra,
amorosamente...
Em razão disso, quando mal saía do berço, aproximou-se dele
um Anjo Lirial que, aproveitando os lábios daquela que se lhe constituíra em
mãezinha adorável, lhe ensinou a repetir:
― Deus...Pai do Céu... Papai do Céu...
Era o Anjo da Pureza.
Mais tarde, soletrando o alfabeto, entre as paredes da
escola, acercou-se dele um Anjo de Luz Verde que, por intermédio da professora,
o ajudou a pronunciar em voz firme:
― Deus, Nosso Pai Celestial, é o Criador de todos os seres e
de todas as coisas...
Era o Anjo da Esperança.
Alongaram-se-lhe os dias, até que penetrou uma casa de
ensino superior, sob cujo teto venerável foi visitado por um Anjo de Luz de
Ouro que, através de educadores eméritos, lhe falou acerca da glória e da
magnificência do Eterno, utilizando a linguagem da filosofia e da ciência.
Era o Anjo da Sabedoria.
O Homem compulsou livros e consultou autoridades, desejando
a comunhão mais direta com o Senhor e fazendo-se caprichoso e exigente.
Olvidando o direito dos semelhantes, propunha-se conquistar
as atenções de Deus tão somente para si. A Majestade Divina, a seu parecer,
devia inclinar-se aos petitórios, atendendo-lhe as desarrazoadas solicitações,
sem mais nem menos; e, porque o Criador não se revelasse disposto a
personalizar-se para satisfazê-lo, começou a cultivar o espinheiro da negação e
da dúvida.
Por mais insistisse o Anjo Dourado, rogando-lhe reverenciar
o Senhor, acatando-lhe as leis e os desígnios, mais se mergulhava na hesitação
e na indiferença.
Atormentado, procurou um templo religioso, onde um Anjo Azul
o socorreu, valendo-se de um sacerdote para recomendar-lhe a prática do
trabalho e da humildade, com a retidão da consciência e com a perseverança no
bem.
Era o Anjo da Fé.
O Homem registrou-lhe os avisos, mas, sentindo enorme
dificuldade para render-se aos exercícios da virtude, clamava intimamente: ―
“Deus? Mas existirá Deus realmente? Por que razão não me oferece provas
indiscutíveis do seu poder?”
Freqüentando o templo para não ferir as convenções sociais,
foi auxiliado por um Anjo Róseo que lhe conduziu a inteligência à leitura de
livros santos, comovendo-lhe o coração e conduzindo-lhe o sentimento à prática
do amor e da renúncia, da benevolência e do sacrifício, de maneira a abreviar o
caminho para o Divino Encontro.
Era o Anjo da Caridade.
O teimoso estudante aprendeu que não lhe seria lícito
aguardar as alegrias do Céu, sem havê-las merecido pela própria sublimação na
Terra.
Ainda assim, monologava indisciplinado: ― “Se sou filho de
deus e se Deus existe, não justifico tanta formalidade para encontrá-lo...”
E prosseguia surdo aos orientadores angélicos.
Casou-se, constituiu família, amealhou dinheiro e
garantiu-se contra as vicissitudes da sorte; entretanto, por mais se
esforçassem os Anjos da Caridade e da Sabedoria, da Esperança e da Fé, no
sentido de favorecer-lhe a comunhão com o Céu, mais repudiava os generosos
conselheiros, exclamando de si para consigo: ― “Deus? Mas existirá efetivamente
Deus?”
Enrugando-se-lhe o rosto e encanecendo-se-lhe a cabeça
orgulhosa, reuniram-se os gênios amigos, suplicando a compaixão do Senhor, a
benefício do rebelde tutelado.
Foi quando desceu da Glória Celeste um Anjo Cinzento, de
semblante triste e discreto.
Não tomou instrumentos para comunicar-se.
Ele próprio abeirou-se do revoltado filho do Altíssimo,
abraçou-o e assoprou-lhe ao coração a mensagem que trazia...
Sentindo-lhe a presença, o Homem cambaleou, deitou-se e
começou a reconhecer a precariedade dos bens do mundo... Notou quão transitória
era a posse dos patrimônios terrestres, dos quais não passava de usufrutuário
egoísta... Observou que a sua felicidade passageira era simples sombra a
esvair-se no tempo... E, assinalando sofrimento e desequilíbrio no âmago de si
mesmo, compreendeu que tudo que desfrutava na vida era empréstimo divino da
Eterna Bondade...
Meditou... Meditou... reconsiderando as atitudes que lhe
eram peculiares e, em lágrimas de sincera e profunda compulsão, qual se fora
tenro menino, dirigiu-se pela primeira vez, com toda a alma, ao Todo Poderoso,
suplicando:
― Deus de Infinita Misericórdia, meu Criador e meu Pai,
compadece-te de mim!...
O Anjo Cinzento era o Anjo da Enfermidade.
(“Contos Destas e Doutra Vida” CE F C Xavier e Irmão X)
Coragem, capítulo 16;
SE CRÊS EM DEUS
Emmanuel
Se crês em Deus, por mais te ameacem os anúncios do
pessimismo, com relação a prováveis calamidades futuras, conservarás o coração
tranqüilo, na convicção de que a Sabedoria Divina sustenta e sustentará o
equilíbrio da vida, acima de toda perturbação.
Se crês em Deus, em lugar nenhum experimentarás solidão ou
tristeza, porque te observarás em ligação constante com todo o Universo,
reconhecendo que laços de amor e de esperança te identificam com todas as
criaturas.
Se crês em Deus, nunca te perderás no labirinto da revolta
ou da desesperação, ante os golpes e injurias que se te projetem na estrada,
porquanto interpretarás ofensores e delinqüentes, na condição de
infelizes,muito mais necessitados de bondade e proteção que de fel e censura.
Se crês em Deus, jornadearás na Terra sem adversários,de vez
que,por mais se multipliquem na senda aqueles que te agridam ou menosprezem,
aceitarás inimigos e opositores, à conta de irmãos nossos, situados em
diferentes pontos de vista.
Se crês em Deus, jamais te faltarão confiança e trabalho,
porque te erguerás, cada dia, na certeza de que dispões da bendita oportunidade
de comunicação com os outros, desfrutando o privilégio incessante de auxiliar e
abençoar, entender e servir.
Se crês em Deus, caminharás sem aflição e sem medo, nas
trilhas do mundo, por maiores surjam perigos e riscos a te obscurecerem a
estrada, porquanto, ainda mesmo à frente da morte, reconhecerás que permaneces
com Deus, tanto quanto Deus está sempre contigo, além de provações e sombras,
limitações e mudanças, em plenitude de vida eterna.
(“Coragem” de Francisco Cândido Xavier e espíritos diversos)
O Espírito da verdade, capítulo 68;
PROVAS DECISIVAS
Lameira de Andrade
Cap. V - item 19 - ESE
Clamas contra o infortúnio que te visita e despera-te, sem
reação construtiva, ante as horas de luta.
Falaram-te do Senhor e dos aprendizes abnegados que o
seguiram, nas horas primeiras, na senda marginada de prantos e sacrifícios...
Queres, porém, comungar-lhe a paz e viver em menor esforço...
Todavia, quase todos os grandes vultos da humanidade, em
todas as épocas e em todos os povos, passaram pelo tempo das provas decisivas.
Senão observemos:
Cervantes ficou paralítico da mão esquerda e esteve preso
sob a acusação de insolvente, mas sobrepairou acima da injúria e legou um
tesouro à literatura da Terra.
Bernard Palissy experimentou tamanha pobreza que chegou, em
certo momento, a queimar a mobília da própria casa, a fim de conseguir
suficiente calor nos fornos em que fazia experiências; contudo, atingiu a
perfeição que desejava em sua obra de ceramista.
Shakespeare sentiu-se em tão grande penúria, que se achou,
um dia, a incendiar um teatro, tomado de desespero; entretanto, superou a crise
e deixou no mundo obras-primas inesquecíveis.
Victor Hugo esteve exilado durante dezoito anos; todavia,
nunca abandonou o trabalho e depôs o corpo físico,: no solo de sua pátria, sob
a admiração do mundo inteiro.
Faraday, na mocidade, foi compelido a servir na condição de
ajudante de ferreiro, de modo a custear os próprios estudos; no entanto,
converteu-se num dos físicos mais respeitados por todas as nações.
Hertz enfrentou imensa falta de recursos e foi vendedor de
revistas para sustentar-se; entretanto, venceu as dificuldades e tornou-se um
dos maiores cientistas mundiais.
De igual modo, entre os espíritas as condições de existência
terrestre não têm sido outras.
Na França, Allan Kardec sofreu, por mais de uma década,
insultuoso sarcasmo da maioria dos contemporâneos; contudo, jamais desanimou,
entregando à posteridade o luminoso patrimônio da Codificação.
Na Espanha, Amália Domingo Sóler, ainda em plenitude das
forças físicas, tolerou o suplício da fome, na flagelação da cegueira; todavia,
nunca duvidou da Providência Divina, consagrando ao pensamento espírita a
riqueza de suas páginas imortais.
No Brasil, Bezerra de Menezes, abdicando das fulgurações da
política humana e, não obstante a posição de médico ilustre, partiu da Terra,
em extrema necessidade material, o que não impediu a sua elevação ao título de
Apóstolo.
Em razão disso, não te deixes vencer pelos obstáculos.
A resignação humilde, a misturar lágrimas e sorrisos,
anseios e ideais, consolações e esperanças, constrói sobre a criatura invisível
auréola de glória que se exterioriza em ondas de simpatia e felicidade.
Quando o carro de tua vida estiver transitando pelo vale da
aflição, recorda a paciência e continua trabalhando, confiando e servindo com
Jesus.
(“O Espírito da Verdade” de F C Xavier, Waldo Vieira e
espíritos diversos)
O Essencial, “Dor e prece”;
DOR E
PRECE
Emmanuel
Se a provação te busca,
Não te rebeles. Ora.
Talvez não obtenhas
O que rogues ao Céu.
Perceberás, porém,
A vida transformar-se.
Brotar-te-á no ser
A luz do entendimento.
Ouvirás em ti mesmo
A voz da compreensão.
E notarás que dor
É uma bênção de Deus.
(“O Essencial” de F C Xavier e Emmanuel)
Fé, paz, amor, “Em tua aflição”;
Em Tua Aflição
Emmanuel
Guarda cuidado, nas horas de aflição, para que as tuas
lágrimas de sofrimento não se convertam em óleo de egoísmo, incandescido nas
chamas do desespero, a incendiar-te o caminho.
Lembra-te dos que jornadearam na Terra antes de ti e recorda
que outros viajarão amanhã no sulco de teus passos para que a serenidade e a
confiança te abençoem a existência.
Nos instantes de inconformação e de dor, lança breve olhar à
retaguarda e reflete na angústia dos que caminham, dentro da noite, sem
esperança...
Observa os que jazem na sombra da cegueira, os que se
tresmalham nas trevas da loucura, os que foram mutilados ao nascer...
Medita naqueles que ainda hoje não dispuseram de pão para
sossegar o estômago atormentado, que não puderam conciliar o sono sob as garras
da inquietação ou que agonizam fora do lar, sequiosos da assistência e do afeto
que lhes faltaram à vida...
Não te detenhas, na revolta ou no desânimo, já que possui
cérebro para raciocinar com segurança, olhos para enxergar a paisagem, verbo
para tecer a caridade e o consolo das mãos para auxiliar...
Não olvides que as aflições irremediáveis emudecem o
coração, impedindo, muitas vezes, a própria palavra naqueles que lhes padecem o
insulto.
E, fazendo da própria luta o aprendizado bendito que Deus te
concede, transforma a tua aflição menor, que ainda pode clamar e definir-se,
queixar-se e estender-se, em sublime passo de entendimento para que te faças
mais útil aos que sofrem mais que ti mesmo, assimilando do Senhor a lição
inolvidável do sacrifício e da renúncia, através da qual, diante da flagelação
e da morte, converteu a própria cruz num poema de bem-aventurança e vida imperecível.
(“F É, P A Z E A M O R” - Francisco Cândido Xavier –
Emmanuel)
Fonte viva, capítulo 86;
ESTAS DOENTE?
Emmanuel
"E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o
levantará."
(Thiago, 5:15)
Todas
as criaturas humanas adoecem, todavia, são raros aqueles que cogitam de cura
real.
Se te encontras enfermo, não acredites que a ação medicamentosa, através da boca ou dos poros, te possa restaurar integralmente.
O comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto, nunca te esqueças de que os verdadeiros males procedem do coração.
A mente é fonte criadora.
A vida, pouco a pouco, plasma em torno de teus passos aquilo que desejas.
De que vale a medicação exterior, se prossegues triste, acabrunhado ou insubmisso?
De outras vezes, pedes socorro de médicos humanos ou de benfeitores espirituais, mas, ao surgirem as primeiras melhoras, abandonas o remédio ou o conselho salutar e voltas aos mesmos abusos que te conduziram à enfermidade.
Como regenerar a saúde, se perdes longas horas na posição da cólera ou do desânimo? A indignação rara, quando justa e construtiva no interesse geral, é sempre um bem, quando sabemos orientá-la em serviço de elevação; contudo, a indignação diária, a propósito de tudo, de todos e de nós mesmos, é um hábito pernicioso, de conseqüências imprevisíveis.
O desalento, por sua vez, é clima anestesiante, que entorpece e destrói.
E que falar da maledicência ou da inutilidade, com as quais despendes tempo valioso e longo em conversação infrutífera, extinguindo as tuas forças?
Que gênio milagroso te doará o equilíbrio orgânico, se não sabes calar, nem desculpar, se não ajudas, nem compreendes, se não te humilhas para os desígnios superiores, nem procuras harmonia com os homens?
Por mais doente, meu amigo, acima de qualquer medicação, aprende a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a Grande Mudança.
Desapega-te de bens transitórios que te foram emprestados pelo Poder Divino, de acordo com a Lei do Uso, e lembra-te de que serás, agora ou depois, reconduzido à Vida Maior, onde encontramos a própria consciência.
Foge à brutalidade.
Enriquece os teus fatores de simpatia pessoal pela prática do amor fraterno.
Busca a intimidade com a sabedoria, pelo estudo e pela meditação.
Não manches teu caminho.
Serve sempre.
Trabalha na extensão do bem.
Guarda lealdade ao ideal superior que te ilumina o coração e permanece convicto de que se cultivas a oração da fé viva, em todos os teus passos, aqui ou além, o Senhor te levantará.
Se te encontras enfermo, não acredites que a ação medicamentosa, através da boca ou dos poros, te possa restaurar integralmente.
O comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto, nunca te esqueças de que os verdadeiros males procedem do coração.
A mente é fonte criadora.
A vida, pouco a pouco, plasma em torno de teus passos aquilo que desejas.
De que vale a medicação exterior, se prossegues triste, acabrunhado ou insubmisso?
De outras vezes, pedes socorro de médicos humanos ou de benfeitores espirituais, mas, ao surgirem as primeiras melhoras, abandonas o remédio ou o conselho salutar e voltas aos mesmos abusos que te conduziram à enfermidade.
Como regenerar a saúde, se perdes longas horas na posição da cólera ou do desânimo? A indignação rara, quando justa e construtiva no interesse geral, é sempre um bem, quando sabemos orientá-la em serviço de elevação; contudo, a indignação diária, a propósito de tudo, de todos e de nós mesmos, é um hábito pernicioso, de conseqüências imprevisíveis.
O desalento, por sua vez, é clima anestesiante, que entorpece e destrói.
E que falar da maledicência ou da inutilidade, com as quais despendes tempo valioso e longo em conversação infrutífera, extinguindo as tuas forças?
Que gênio milagroso te doará o equilíbrio orgânico, se não sabes calar, nem desculpar, se não ajudas, nem compreendes, se não te humilhas para os desígnios superiores, nem procuras harmonia com os homens?
Por mais doente, meu amigo, acima de qualquer medicação, aprende a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a Grande Mudança.
Desapega-te de bens transitórios que te foram emprestados pelo Poder Divino, de acordo com a Lei do Uso, e lembra-te de que serás, agora ou depois, reconduzido à Vida Maior, onde encontramos a própria consciência.
Foge à brutalidade.
Enriquece os teus fatores de simpatia pessoal pela prática do amor fraterno.
Busca a intimidade com a sabedoria, pelo estudo e pela meditação.
Não manches teu caminho.
Serve sempre.
Trabalha na extensão do bem.
Guarda lealdade ao ideal superior que te ilumina o coração e permanece convicto de que se cultivas a oração da fé viva, em todos os teus passos, aqui ou além, o Senhor te levantará.
(Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia Francisco
C. Xavier)
Gotas de luz, capítulo 1;
O DIVINO CONVITE
“Vinde
a Mim, vós que sofreis!...” –
E a
palavra do Senhor,
Tocando
nações e leis,
Ressoa,
cheia de amor.
Herdeiros tristes da cruz,
Que seguis de alma ferida,
Encontrareis em Jesus
Caminho, verdade e vida.
Famintos
de paz e abrigo,
Que
lutais no mundo incréu,
Achareis
do Eterno Amigo
O Pão
que desceu do Céu.
Almas sedentas de pouso,
Que à sombra chorais cativas,
Tereis no Mestre Amoroso
A Fonte das Águas Vivas.
Vinde,
irmãos, a Jesus Cristo,
O
Guia que nos conduz!
Vosso
caso está previsto
Em
suas lições de luz.
(Gotas de Luz de F C Xavier e Casimiro
Cunha)
Levantar e seguir, “No serviço redentor”;
NO SERVIÇO REDENTOR
Emmanuel
A aflição pode ser o preço do resgate, o recurso da dor que
reajusta, o remédio que corrige ou o choque de retorno que redime, mas se
modificas a tua aflição de lugar, no campo do próprio espírito, de certo será
ela transformada em processo de tua abençoada sublimação.
Aflige-se em pedir desculpas ao companheiro que ofendeste e
não terás um credor no dia de amanhã.
Aflige-te em auxiliar os semelhantes e não serás relegado ao
abandono.
Aflige-te em cumprir os deveres que te competem, no circulo
domestico, e não serás provado pelo desrespeito ou pela ironia dos corações que
te circundam no templo familiar.
Aflige-te em procurar o bem, praticando-o com o teu
sentimento, com a tua boca e com as tuas mãos e o mal não te surpreenderá em
seus laços escuros.
Aflige-te em dar e o Senhor dar-te-á dos Seus Suprimentos do
Amor Infinito a beneficio de ti mesmo.
Afligir-te em retificar agora o caminho que deves percorrer
e a harmonia estará contigo no futuro.
Não te esqueças de que Jesus se afligiu em esclarecer-nos e
redimir-nos e, por isso mesmo, além da Cruz, é a claridade dos séculos a
convocar-nos, através da bondade e do sacrifício, para a Bênção Divina da
ressurreição e do amor.
(“Levantar e Seguir” Francisco Cândido Xavier – Emmanuel)
Livro da esperança, capítulo 9;
O
REMÉDIO JUSTO
“Bem aventurados os que choram porque serão
consolados.” – JESUS –
Mateus, 5:4.
“Por estas palavras: “Bem aventurados os
aflitos, pois que serão consolados”, Jesus aponta a compensação que hão de ter
os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento,
como prelúdio da cura.” –
Cap V, 12.
Perguntas, muitas vezes, pela presença dos
espíritos guardiões, quando tudo indica que forças contrárias às tuas noções de
segurança e conforto, comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.
Desastres, provações, enfermidades e flagelos
inesperados arrancam-te indagações aflitivas.
Onde os amigos desencarnados que protegem as
criaturas?
Como não puderam prevenir certos transes que
te parecem desoladoras calamidades?
Se aspiras, no entanto, a conhecer a atitude
moral dos espíritos benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta
os corações que amam verdadeiramente na Terra.
Ausculta o sentimento das mães devotadas que
bendizem com lágrimas as grades do manicômio para os filhos que se desvairaram
no vício, de modo a que não se transfiram da loucura à criminalidade confessa.
Ouve os gemidos de amargura suprema dos pais
amorosos que entregam os rebentos do próprio sangue no hospital, para que lhes
seja amputado esse ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia
corruptora, a que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a
existência.
Escuta as esposas abnegadas, quando
compelidas a concordarem chorando com os suplícios do cárcere para o
companheiros queridos, evitando-se-lhes a queda em fossas mais profundas de delinqüência.
Perquire o pensamento dos filhos afetuosos,
ao carregarem, esmagados de dor, os pais endividados em doenças
infecto-contagiosas, na direção das casas de isolamento, a fim de que não se
convertam em perigo para a comunidade.
Todos eles trocam as frases de carinho e os
dedos veludosos pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas
vezes desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres que
mais amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.
Quando vejas alguém submetido aos mais duros
entraves, não suponham que esse alguém permaneça no olvido, por parte dos
benfeitores espirituais que seguem a marcha.
O amor brilha e paira sobre todas as
dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens.
A invés de revolta e desalento, oferece paz e
esperança ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem
prevaleça.
Isso porque onde existem almas sinceras, à
procura do bem, o sofrimento é sempre o remédio justo da vida para que, junto
delas, não suceda o pior.
(Livro da Esperança, de F C Xavier e
Emmanuel)
Nosso livro, “Estás aflito?”
ESTÁS AFLITO?
Emmanuel
Está alguém entre vós aflito? Ore.TIAGO, 5:13.
A maioria da
pessoas inquietas pede alívio, apressadamente, como se a consolação real fosse
obra de improviso, a impor-se de fora para dentro.
Se tens fé, meu
amigo, aprende a orar nas situações difíceis. Toda aflição tem uma causa, Não é
preciso, porém, que o médico ou o sacerdote venha indicá-la ao teus olhos.
Geralmente, nossas
angústias se radicam em nossa própria leviandade no trato com a vida, quando
não procede de reprováveis deslizes nas ixistências anteriores. Se o erro é de
hoje, reparemo-lo, enquanto respiramos no caminho daqueles que ofendemos; se as
sombras chegam de ontem, demostremos coragem e valor moral, desfazendo-as,
através do trabalho perseverante no bem.
Se a
inquietação te bate à porta, busca a prece e medita. Amigos espirituais, benfeitores da tua paz
íntima, acudirão em teu socorro, inspirando-te o roteiro a seguir, com palavras
consoladoras e reconstrutivas, em forma de pensamentos santificantes.
Humilhaste alguém?
Solicita desculpas e corrige o erro impensado.
Credores
atormentam-te? Habitua-te a comer e vestir, de acordo com as tuas
possibilidades e paga os teus débitos com paciência.
O desânimo
absorve-te o coração? Lembra-te de que o tédio é um insulto à
fraternidade humana, porque a dor e a necessidade, a tristeza e a doença, a
pobreza e a morte não se acham longe de tí.
Há muito trabalho
por fazer, além dos teus muros felizes. Ajusta-te ao ideal de servir por amor,
sem espírito de recompensa e as tuas horas estarão repletas de abençoado
serviço aos semelhantes. De qualquer modo, nas aflições, não atires a tua cruz
sobre os companheiros de tarefa. Ora, com serenidade, examina-te à claridade da
verdadeira justiça e busca solucionar os problemas que te inquietam, usando os
recursos divinos que o Senhor confiou a tí mesmo.
(Francisco Cândido Xavier por Espíritos Diversos. in: Nosso
Livro)
Reconforto, “Nem todos os aflitos”;
NEM TODOS OS AFLITOS
Emmanuel
A provação é um desafio que poucos suportam, lição que raros
aprendem.
Depois de regulares períodos de paz e ordem, a alma é
visitada pela provação que, em nome da Sabedoria Divina, lhe afere os valores e
conquistas.
Raros, porém, são aqueles que a recebem dignamente.
O impulsivo, quase sempre, converte-a em falta grave.
O impaciente faz dela a escura paisagem do desespero, onde
perde as melhores oportunidades de servir.
O triste desvaloriza-lhe as sugestões e dorme sobre as
probabilidades de auto-superação, em longas e pesadas horas de choro e
desalento.
O ingrato transforma-a em calhau com que apedreja o nome e o
serviço de companheiros e vizinhos.
O indiferente foge-lhe aos avisos como quem escapa impensadamente
da orientadora que lhe renovaria os destinos.
O leviano esquece-lhe os ensinamentos e perde o ensejo de
elevar-se, por sua influência, a planos mais altos.
O espírito prudente, entretanto, recebe a provação qual o
oleiro que encontra no fogo o único recurso para imprimir solidez e beleza ao
vaso que o gênio idealiza.
Se a tempestade purifica a atmosfera e se o fel, por vezes,
é o exclusivo medicamento da cura, a provação é a porta de acesso ao
engrandecimento espiritual.
Só aqueles que a recebem por esmeril renovador conseguem
extrair-lhe as preciosidades.
É por isso que nem todos os aflitos podem ser
bem-aventurados, de vez que, somente aproveitando a dor para a materialização
consistente de nossos ideais e de nossos sonhos, é que se nos fará possível
encontrar a alegria triunfante do aprimoramento em nós mesmos, a que somos
todos chamados pela vida comum, nas lutas de cada dia.
(“Reconforto” de Francisco Cândido Xavier e Emmanuel)
Relicário de luz, “Cântico de louvor”;
CÂNTICO DE
LOUVOR
Jesus Gonçalves
Bendize a cruz de sombra que te algema
Ao caminho de prova, ermo e sem flores,
E no lenho dos sonhos redentores
Que a tua fé padeça, mas não tema...
Louva, porém com Cristo, a cruz
suprema
Que te constrange aos prantos
remissores,
O espinheiral de grandes
amargores,
O insulto, a solidão e a mágoa
extrema...
Agradece a aflição que te depura!
Hosanas ao mistério da amargura
Que renova e sublima o coração...
Glória à dor, nossa fúlgida
cartilha!
Pela cruz espinhosa que te
humilha
Alcançarás o sol da redenção!...
("Relicário
de Luz", de Cândido Xavier, eDiversos Espíritos)
Seguindo juntos, capítulo 29;.
DOR E ALEGRIA
Emmanuel
A dor é o caminho.
A alegria é a meta.
A luta é o veículo.
O aperfeiçoamento é a realização.
Vejamos a assertiva nos ângulos mais simples do quadro
material em que estagiamos.
Os fios de condução da energia elétrica nasceram na condição
mais humilde, mas, ligados à força da usina, transformam-se em mensageiros da
luz.
O tijolo singelo em que se erige a parede que nos abriga
passou pelo clima sufocante do forno, antes de converter-se em soldado da
segurança.
A mesa que nos serve ao trabalho sofreu o império da lâmina
que lhe suprimiu as arestas; no entanto, é presentemente um altar da cultura,
em que se acomodam o entendimento sadio e a vibração da fraternidade, o livro
edificante e o calor da oração.
As rosas que nos emolduram a noção de beleza, muitas vezes,
são herdeiras do estrume; no entanto, se ainda ontem, desabrochavam na
vizinhança do lodo, revelam-se agora por ânforas de perfume.
Ninguém pode negar o golpe do malho na bigorna ardente para
modelar o ferro deseducado; entretanto, o suplício do fogo é um minuto de
aflição plasmando a utilidade preciosa que seguirá servindo, na exaltação do
conforto, por tempo indeterminado.
A semente na cova padecerá constrição e isolamento, contudo,
após dias breves de asfixia e inquietude, elevar-se-á, generosa, por árvore
dominante, a exalçar-se nas cores da primavera e a contribuir no tesouro do
pão.
Em verdade, é preciso lutar para superar-nos; entretanto, é
indispensável contemplar os cimos, se nos propomos atingir o templo solar.
Fixar demasiadamente a noite é perder a visão do dia
renascente.
Buscar a revelação da aurora é alijar o grilhão das trevas.
Realmente, o Evangelho de Jesus é um poema de trabalho e de
sacrifício a que não faltam a enfermidade e o desespero dos homens, com a
flagelação e a cruz para o Emissário Divino.
Todavia, a Boa Nova do Cristo começa nos cânticos das
legiões celestes, acompanhados por vozes angelicais de pastores, consolida-se
numa festa esponsalícia em Caná, avança com as esperanças e com os júbilos dos
penitentes aliviados, detém-se nas fulgurações do Tabor e termina com a
Ressurreição do Mestre Inolvidável em pleno jardim.
Cultivemos otimismo e serenidade, coragem e bom ânimo, acima
das lições que nos reserva o caminho, de vez que toda nuvem chega e passa, toda
tempestade surge e desaparece, porque, diante de Deus, que nos criou para a
imortalidade triunfante, só a luz e a alegria querem a eternidade, a gloriosa
eternidade...
(“Seguindo Juntos” de Francisco Cândido Xavier/Espíritos
Diversos)
Vinha de luz, capítulo 80
COMO SOFRES?
"Mas, se padece como cristão, não
se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte." - Pedro. (I PEDRO,
4:16.)
Não basta
sofrer simplesmente para ascender à glória espiritual. Indispensável é saber
sofrer, extraindo as bênçãos de luz que a dor oferece ao coração sequioso de
paz.
Muita gente
padece, mas quantas criaturas se complicam, angustiadamente, por não saberem
aproveitar as provas retificadoras e santificantes?
Vemos os que
recebem a calúnia, transmitindo-a aos vizinhos; os que são atormentados por
acusações, arrastando companheiros às perturbações que os assaltam; e os que
pretendem eliminar enfermidades reparadoras, com a desesperação.
Quantos
corações se transformam em poços envenenados de ódio e amargura, porque
pequenos sofrimentos lhes invadiram o circulo pessoal? Não são poucos os que batem
à porta da desilusão, da descrença, da desconfiança ou da revolta
injustificáveis, em razão de alguns caprichos desatentidos.
Seria útil
sofrer com a volúpia de estender o sofrimento aos outros? não será agravar a
divida o ato de agressão ao credor, somente porque resolveu ele chamar-nos a contas?
Raros homens
aprendem a encontrar o proveito das tribulações. A maioria menospreza a
oportunidade de edificação e, sobretudo, agrava os próprios débitos, confundindo
o próximo e precipitando companheiros em zonas perturbadas do caminho evolutivo.
Todas as
criaturas sofrem no cadinho das experiências necessárias, mas bem poucos
espíritos sabem padecer como cristãos, glorificando a Deus.
(Vinha de Luz”, de F C Xavier e Emmanuel)
Vinha de luz, capítulo117.
PARA ISTO
"Porque para isto sois chamados;
pois também o Cristo padeceu por nós,deixando-nos o exemplo." - Pedro. (I
PEDRO, 2:21.)
Elevada
percentagem de crentes considera-se imune de todos os sofrimentos, porque, no
conceito de grande parte daqueles que aceitam a fé cristã, entregar-se às fórmulas
religiosas é subtrair-se à luta, candidatando-se à beatitude imperturbável.
Na apreciação
de muita gente, os que oram não deveriam conhecer a dor. O socorro divino
assemelhar-se-ia à proteção de um monarca terrestre, doador de favores segundo
as bajulações recebidas.
A situação do
aprendiz de Jesus é, todavia, muito diversa. Os títulos do Cristo não são os da
inatividade, com isenção de responsabilidade e esforço.
Todos os
chamados ao trabalho evangélico não podem esquecer as necessidades do serviço.
O Mestre,
naturalmente, precisa companheiros que nEle confiem, mas não prescindirá dos
que se revelem colaboradores fiéis de sua obra.
Seria justo
postar-se indefinidamente o devedor, ante a generosidade do credor, confiando
sempre, sem o mínimo sinal de solução ao débito adquirido?
Não somente
os homens vivem na lei de permuta.
As Forças
Divinas baseiam a movimentação do bem no mesmo princípio. O Mestre Celestial
ensina a todos, em verdade, as sublimes lições da vida; entretanto, não é
razoável que todos os séculos assinalem nos bancos escolares da experiência
humana os mesmos alunos preguiçosos e inquietos.
É
indispensável que as turmas de bons obreiros se dirijam às zonas de serviço, preparados
para os testemunhos dos ensinamentos recebidos.
Simão Pedro
sintetiza o trabalho dos cristãos de maneira magistral. Sois chamados para isto
- assevera o apóstolo.
A afirmativa
simples indica que os discípulos leais foram convocados a sofrer pelo bem.
(Vinha de Luz”, de F C Xavier e Emmanuel)