EVANGELIZAÇÃO
ESPÍRITA - BIBLIOGRAFIA
O Evangelho
segundo o Espiritismo,
capítulo 8 itens 1 a 4
Bem-aventurados os que têm puro o coração,
porquanto verão a Deus. (S.Mateus, cap. V, v. 8.)
Apresentaram-lhe então algumas crianças, a
fim de que ele as tocasse, e, como seus discípulos afastassem com palavras
ásperas os que lhas apresentavam, Jesus, vendo isso, zangou-se e lhes disse: “Deixai
que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o reino dos
céus é para os que se lhes assemelham. - Digo-vos, em verdade, que aquele que
não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará.” - E, depois de
as abraçar, abençoou-as, impondo-lhes as mãos. (S. MARCOS, cap. X, vv. 13 a
16.)
A pureza do coração é inseparável da simplicidade
e da humildade. Exclui toda idéia de egoísmo e de orgulho. Por isso é que Jesus
toma a infância como emblema dessa pureza, do mesmo modo que a tomou como o da
humildade. Poderia parecer menos justa essa comparação, considerando-se que o
Espírito da criança pode ser muito antigo e que traz, renascendo para a vida
corporal, as imperfeições de que se não tenha despojado em suas precedentes
existências. Só um Espírito que houvesse chegado à perfeição nos poderia
oferecer o tipo da verdadeira pureza. E exata a comparação, porém, do ponto de
vista da vida presente, porquanto a criancinha, não havendo podido ainda
manifestar nenhuma tendência perversa, nos apresenta a imagem da inocência e da
candura. Daí o não dizer Jesus, de modo absoluto, que o reino dos céus é para
elas, mas para os que se lhes assemelhem.
Pois que o Espírito da criança já viveu,
por que não se mostra, desde o nascimento, tal qual é? Tudo é sábio nas obras
de Deus. A criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura materna
lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade da
criança. Para uma mãe, seu filho é sempre um anjo e assim era preciso que
fosse, para lhe cativar a solicitude. Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo
devotamento, se, em vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços
infantis, um caráter viril e as idéias de um adulto e, ainda menos, se lhe
viesse a conhecer o passado. Aliás, faz-se necessário que a atividade do
princípio inteligente seja proporcionada à fraqueza do corpo, que não poderia
resistir a uma atividade muito grande do Espírito, como se verifica nos
indivíduos grandemente precoces. Essa a razão por que, ao aproximar-se-lhe a
encarnação, o Espírito entra em perturbação e perde pouco a pouco a consciência
de si mesmo, ficando, por certo tempo, numa espécie de sono, durante o qual
todas as suas faculdades permanecem em estado latente. E necessário esse estado
de transição para que o Espírito tenha um novo ponto de partida e para que
esqueça, em sua nova existência, tudo aquilo que a possa entravar. Sobre ele,
no entanto, reage o passado. Renasce para a vida maior, mais forte, moral e
intelectualmente, sustentado e secundado pela intuição que conserva da
experiência adquirida. A partir do nascimento, suas idéias tomam gradualmente
impulso, à medida que os órgãos se desenvolvem, pelo que se pode dizer que, no
curso dos primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, por se acharem
ainda adormecidas as idéias que lhe formam o fundo do caráter. Durante o tempo
em que seus instintos se conservam amodorrados, ele é mais maleável e, por isso
mesmo, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem a natureza e de
fazê-lo progredir, o que toma mais fácil a tarefa que incumbe aos pais. O
Espírito, pois, enverga temporariamente a túnica da inocência e, assim, Jesus
está com a verdade, quando, sem embargo da anterioridade da alma, toma a
criança por símbolo da pureza e da simplicidade.
O Evangelho
segundo o Espiritismo,
capítulo 14 item 9;
A ingratidão é um dos frutos mais diretos
do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os
pais apresenta caráter ainda mais odioso. E, em particular, desse ponto de
vista que a vamos considerar, para lhe analisar as causas e os efeitos. Também
nesse caso, como em todos os outros, o Espiritismo projeta luz sobre um dos
grandes problemas do coração humano.
Quando deixa a Terra, o Espírito leva
consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no
espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos,
portanto, se vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança;
a alguns dentre eles, porém, mais adiantados do que os outros, é dado
entrevejam uma partícula da verdade; apreciam então as funestas conseqüências
de suas paixões e são induzidos a tomar resoluções boas. Compreendem que, para
chegarem a Deus, lima só é a senha: caridade. Ora, não há caridade sem
esquecimento dos ultrajes e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o
coração tomado de ódio. Então, mediante inaudito esforço, conseguem tais
Espíritos observar os a quem eles odiaram na Terra. Ao vê-los, porém, a
animosidade se lhes desperta no íntimo; revoltam-se à idéia de perdoar, e,
ainda mais, à de abdicarem de si mesmos, sobretudo à de amarem os que lhes
destruíram, quiçá, os haveres, a honra, a família. Entretanto, abalado fica o
coração desses infelizes. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos
contrários. Se domina a boa resolução, oram a Deus, imploram aos bons Espíritos
que lhes dêem forças, no momento mais decisivo da prova. Por fim, após anos de
meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família
daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as
ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele
corpo que acaba de formar-se. Qual será o seu procedimento na família
escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que
tomou. O incessante contacto com seres a quem odiou constitui prova terrível,
sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda bastante forte a vontade. Assim,
conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele será o amigo ou inimigo daqueles
entre os quais foi chamado a Viver. E como se explicam esses ódios, essas repulsões
instintivas que se notam da parte de certas crianças e que parecem
injustificáveis. Nada, com efeito, naquela existência há podido provocar
semelhante antipatia; para se lhe apreender a causa, necessário se torna volver
o olhar ao passado.
Ó espíritas! compreendei agora o grande
papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele
encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde
todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está
confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos
cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu
bem estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus:
Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa Vossa ele se
conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores,
quando de vós dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados de
remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta; solicitareis, para
vós e para ele, outra encarnação em que o cerqueis de melhores cuidados e em
que ele, cheio de reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor. Não
escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão;
não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do passado
se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito
ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães! abraçai o
filho que vos dá desgostos e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado.
Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade,
ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e
bendizer. Mas oh! muitas dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os
maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios,
por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado
pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.
A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do
mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe
facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma
humana. Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz
da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os
males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores
indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem
esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os
rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se
desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com
a ingratidão. Quando os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento moral
de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e
podem conservar tranqüila a consciência. A amargura muito natural que então
lhes advém da improdutividade de seus esforços, Deus reserva grande e imensa
consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, que
concedido lhes será concluir noutra existência a obra agora começada e que um
dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. Deus não dá prova superior às
forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não
sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade. Com efeito, quantos há
que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados
o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a
bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que
ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os
braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés. As provas
rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e
de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. E
um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir
murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em
vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de
vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão
do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí
aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega.
De todas as provas, as mais duras são as
que afetam o coração. Um, que suporta com coragem a miséria e as privações
materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, pungido da ingratidão dos
seus. Oh! que pungente angústia essa! Mas, em tais circunstâncias, que mais
pode, eficazmente, restabelecer a coragem moral, do que o conhecimento das
causas do mal e a certeza de que, se bem haja prolongados despedaçamentos d’alma,
não há desesperos eternos, porque não é possível seja da vontade de Deus que a
sua criatura sofra indefinidamente? Que de mais reconfortante, de mais animador
do que a idéia que de cada um dos seus esforços é que depende abreviar o
sofrimento, mediante a destruição, em si, das causas do mal? Para isso, porém,
preciso se faz que o homem não retenha na Terra o olhar e só veja uma
existência; que se eleve, a pairar no infinito do passado e do futuro. Então, a
justiça infinita de Deus se vos patenteia, e esperais com paciência, porque explicável
se vos torna o que na Terra vos parecia verdadeiras monstruosidades. As feridas
que aí se vos abrem, passais a considerá-las simples arranhaduras. Nesse golpe
de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família se vos apresentam sob
seu aspecto real. Já não vedes, a ligar-lhes os membros, apenas os frágeis
laços da matéria; vedes, sim, os laços duradouros do Espírito, que se perpetuam
e consolidam com o depurarem-se, em vez de se quebrarem por efeito da
reencarnação. Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a
identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Esses mesmos
Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como o
fazem no espaço, originando-se daí as famílias unidas e homogêneas. Se, nas
suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde
tornam a encontrar-se, venturosos pelos novos progressos que realizaram. Mas,
como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus que Espíritos menos
adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a
bem de seu progresso. Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação
no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a
desempenhar. Acolhei-os, portanto, como irmãos; auxiliai-os, e depois, no mundo
dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo alguns náufragos que, a
seu turno, poderão salvar outros. - Santo Agostinho. (Paris, 1862.)
O Livro dos
Espíritos,
questões 208, 383, 385, 582, 583 e 917;
208. Nenhuma influência exercem os
Espíritos dos pais sobre o filho depois do nascimento deste?
“Ao contrário: bem grande influência
exercem. Conforme já dissemos, os Espíritos têm que contribuir para o progresso
uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os
de seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornarse-ão
culpados, se vierem a falir no seu desempenho.”
383. Qual, para este, a utilidade de
passar pelo estado de infância?
“Encarnado, com o objetivo de se
aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões
que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem
contribuir os incumbidos de educá-lo.”
385. Que é o que motiva a mudança que se
opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da
adolescência? É que o Espírito se modifica?
“É que o Espírito retoma a natureza que lhe
é própria e se mostra qual era.
“Não conheceis o que a inocência das
crianças oculta. Não sabeis o que elas são, nem o que foram, nem o que serão.
Contudo, afeição lhes tendes, as acaricias, como se fossem parcelas de vós
mesmos, a tal ponto que se considera o amor que uma mãe consagra a seus filhos
como o maior amor que um ser possa votar a outro. Donde nasce o meigo afeto, a
terna benevolência que mesmo os estranhos sentem por uma criança? Sabeis? Não.
Pois bem! Vou explicá-lo.”
“As crianças são os seres que Deus manda a
novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade,
dá-lhes Ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma
criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa da
inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao
que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o
conseqüente castigo exclusivamente sobre elas recai.
“Não foi, todavia, por elas somente que
Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais,
de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza. Ora, esse amor se
enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo
que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e
os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais
precisam da proteção e assistência que lhes foram dispensadas durante quinze ou
vinte anos, surge-lhes o caráter real e individual em toda a nudez.
Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas, sempre irisados de
matizes que a primeira infância manteve ocultos.
“Como vedes, os processos de Deus são
sempre os melhores e, quando se tem o coração puro, facilmente se lhes apreende
a explicação.
“Com efeito, ponderai que nos vossos lares
possivelmente nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram
hábitos diferentes dos vossos e dizei-me como poderiam estar no vosso meio
esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris, inclinações, gostos,
inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão
como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância? Nesta se vêm
confundir todas as idéias, todos os caracteres, todas as variedades de seres
gerados pela infinidade dos mundos em que medram as criaturas. E vós mesmos, ao
morrerdes, vos achareis num estado que é uma espécie de infância, entre novos
irmãos. Ao volverdes à existência extraterrena, ignorareis os hábitos, os
costumes, as relações que se observam nesse mundo, para vós, novo. Manejareis
com dificuldade uma linguagem que não estais acostumado a falar, linguagem mais
vivaz do que o é agora o vosso pensamento.
“A infância ainda tem outra utilidade. Os
Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem.
A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da
experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode
reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs
aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.
“Assim, portanto, a infância é não só útil,
necessária, indispensável, mas também conseqüência natural das leis que Deus
estabeleceu e que regem o Universo.”
582. Pode-se considerar como missão a
paternidade?
“É, sem contestação possível, uma
verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do
que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o
filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e
lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o
torna propício a todas as impressões. Muitos há, no entanto, que mais cuidam de
aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância,
do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa
deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos
sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao
alcance para que ele avançasse na estrada do bem.”
583. São responsáveis os pais pelo
transviamento de um filho que envereda pelo caminho do mal, apesar dos cuidados
que lhe dispensaram?
“Não; porém, quanto piores forem as
propensões do filho, tanto mais pesada é a tarefa e tanto maior o mérito dos pais,
se conseguirem desviá-lo do mau caminho.”
a) Se um filho se torna homem de bem,
não obstante a negligência ou os maus exemplos de seus pais, tiram estes daí
algum proveito?
“Deus é justo.”
Antologia da
Criança,
capítulo 2
MENSAGEM DA CRIANÇA
Meimei
Dizes
que sou futuro.
Não
me desampares o presente.
Dizes
que sou a esperança da paz.
Não
me induzas à guerra.
Dizes
que sou a luz dos teus olhos.
Não
me confies o mal.
Não
espero somente o teu pão.
Dá-me
luz e entendimento.
Não
desejo tão só a festa de teu carinho.
Suplico-te
amor com que me eduques.
Não
te rogo apenas brinquedos.
Peço
te bons exemplos e boas palavras.
Não
sou simples ornamento de teu caminho.
Sou
alguém que te bate à porta em nome de Deus.
Ensina-me
o trabalho e a humildade, o devotamento e o perdão.
Compadece-te
de mim e orienta-me para que seja bom e justo ...
Corrige-me
enquanto é tempo, ainda que eu sofra ...
Ajuda-me
hoje para que amanhã eu não te faça chorar.
(ANTOLOGIA
DA CRIANÇA - Francisco Cândido Xavier - Autores Diversos)
Antologia da
Criança,
capítulo 39;
ORAÇÃO DA
CRIANÇA
Emmanuel
Amigo:
Ajuda-me
agora, para que eu te auxilie depois.
Não
me relegues ao esquecimento, nem me condenes à ignorância ou à crueldade.
Venho
ao encontro de tua aspiração, do teu convívio, de tua obra...
Em
tua companhia estou na condição da argila nas mãos do oleiro.
Hoje,
sou sementeira, fragilidade, promessa...
Amanhã,
porém, serei tua própria realização.
Corrige-me,
com amor, quando a sombra do erro envolve-me o caminho, para que a confiança
não me abandone.
Protege-me
contra o mal.
Ensina-me
a descobrir o bem, onde estiver.
Não
me afastes de Deus e ajude-me a conservar o amor e o respeito que devo às
pessoas, aos animais e às coisas que me cercam.
Não
me negues tua boa vontade, teu carinho e tua paciência.
Tenho
tanta necessidade do teu coração, quanto a plantinha tenra precisa de água para
prosperar e viver.
Dá-me
tua bondade e dar-te-ei cooperação.
De
ti depende que eu seja pior ou melhor amanhã.
Do
livro Antologia da Criança. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Coletânea do
Além, “A
criança é o futuro”
A CRIANÇA É O FUTURO
Emmanuel
No quadro de renovações
imediatas do mundo, problemas angustiosos absorverão naturalmente os sociólogos
mais atilados.
A civilização enferma requisita recursos salvadores,
socorros providenciais, em face do transcendentalismo da atualidade. Organismo
devastado por moléstias indefiníveis, a sociedade humana está compelida a
examinar detidamente as questões mais dolorosas, tocando-lhes a complexidade e
a exensão. Tão logo regresse à paisagem pacífica, reconhecerá a necessidade da
reconstrução salutar.
Entretanto, a desilusão e o desânimo serão inevitáveis no
círculo dos lutadores.
Por onde recomeçar:
As experiências amargas terão passado, rumo aos abismos
do tempo, substituindo nas almas o anseio justo da concórdia geral, todavia, é
razoável ponderar a preocupação torturante a se fazer sentir, em todos os
planos do pensamento internacional.
As noções do direito, os ideais de justiça econõmica, as
garantias da paz, surgirão, à frente das criaturas, solicitando-lhes o concurso
devido, para a total extinção das sombras da violência, mas, no exame das
providências de ordem geral é imprescindível reconhecer que a reconstrução do
planeta é inciativa educacional.
É quase incrível, no entanto, que o problema seja, ainda,
de orientação infantil, objetivando-se horizontes novos.
A criança é o futuro.
E, com exceção dos espíritos missionários, os homens de
agora serão as crianças de amanhã, no processo reencarnacionista.
O trabalho redentor da nova era há de começar na alma da
infância, se não quiserdes divagar nos castelos teóricos da imaginação
superexcitada. É lógico que a legislação será sempre a casa nobre dos
princípios que asseguram os direitos do homem, entretanto, os governos não
poderiam realizar integralmente a obra renovadora sem a colaboração daqueles
que hajam sentido a verdade e o bem com Jesus Cristo.
A crise do mundo não estará solucionada com a simples
extinção da guerra.
O quadro de serviço presente é campo de tarefas
esmagadoras que assombram pela grandeza espiritual.
Pede-se a paz com vitória do direito e ninguém contesta a
legitimidade de semelhante solicitação. Mas é idispensável organizar o programa
de amanhã. A sociologia abrirá as possibilidades que lhe são próprias, por
restituir ao mundo o verdadeiro equilíbrio de sua evolução ascencional.
Não nos esqueçamos, porém, de que a psicologia do homem
comum ainda se enquadra na esfera de análise devida à criança.
É por isto, talvez, que Jesus, por mais de uma vez, deixou
escapar o sublime apelo: - “Deixai vir a mim os pequeninos”. Não
observamos aqui, tão somente, o símbolo da ternura. O Mestre não demonstrava
atitude meramente acidental, junto à paisagem humana, aureolada de sorriso
infantis. Aludia, sim, à tarefa bem mais profunda no tempo e no espaço. Sabia
Ele que durante séculos a grande questão das criaturas estaria moldada em
necessidades educativas. E com muita propriedade o Cristo exclama – “deixai vir
a mim” – e não simplesmente – “vinde a mim”. Sua exortação divina atinge a
todos os que receberam a mordomia da responsabilidade espiritual nos quadros
evolucionários da Terra, para que não impeçam à mente humana o acesso real às
suas fontes de verdades sublimes.
Constituindo a infância a humanidade futura, reconhecemos
ao seu lado a região de semeadura proveitosa. E, reconhecendo, nós
encontraremos outra senda de redenção, estranha aos fundamentos de sua doutrina
de verdade e de amor.
Desse modo, a par do esforço sincero de quantos cooperam
pelo ressurgimento da concórdia no mundo, voltemo-nos para as crianças de
agora, cônscios de que muitos de nós seremos a infância do porvir. Organizemos
o lar que forma o coração e o caráter, e a escola que iluminará o raciocínio.
Estejamos igualmente atentos à verdade de que educar não
se resume apenas a providências de abrigo e alimentação docorpo perecível.
A Terra, em sí mesma, é asilo de caridade em sua feição
material. Governantes e sacerdotes diversos nunca esqueceram, de todo, a
asssitência à infância desvalida, mas são sempre raros os que sabem oferecer o
abrigo do coração, no sentido de espiritualidade, renovação interior e trabalho
construtivo.
Em nutrindo células orgânicas, não olvideis a alimentação
espiritual imprescindível às criaturas.
No quadro imenso da transformação em que vossas
atividades se localizam atialmente, a iniciativa de educação é de importância
essencial no equilíbrio do mundo.
Cuidemos da criança, como quem acende claridades no
futuro. Compareçamos, em companhia delas, à presença espiritual de Cristo e
teremos renovado o sentido da existência terrestre, colaborando para que surjam
as alegrias do mundo num dia melhor.
(“Coletânea do Além” Psicografia de Chico Xavier –
Autores Diversos)
Coletânea do
Além,
“Evangelização”;
evangelização
Emmanuel
Todos
os estudiosos que solicitam de amigos do Além um roteiro de orientação não
devem esquecer o Evangelho de Jesus, roteiro das almas em que cada coração deve
beber o divino ensinamento para a marcha evolutiva.
Habitualmente,
invoca-se a velhice de sua letra e a repetição de seus enunciados. O Espírito
do Evangelho de Cristo, porém, é sempre a luz da vida. Determinados
companheiros buscam justificar o cansaço das fórmulas, alegando que em
Espiritismo, temos obras definitivas da revelação, com o sabor de novidade
preciosa, em matéria de esclarecimento geral e esforço educativo. O Evangelho,
todavia, é como um sol de espiritualidade. Tôdas essas obras notáveis dos
missionários humanos, na sua tarefa de interpretação, funcionam como
telescópios, aclarando-lhe a grandeza. O que a sua luz se dirige à atmosfera
interior da criatura, intensificando-se no clima da boa vontade e do amor, da
sinceridade e da singeleza.
A
missão do Espiritismo é a do Consolador, que permanecerá entre os homens de
sentimento e de razão equilibrados, impulsionando a mentalidade do mundo para
uma esfera superior. Vindo em socorro da personalidade espiritual que sofre,
nos tempos mo- demos, as penosas desarmonias do homem físico do planeta,
estabelece o Consolador a renovação dos valores mais íntimos da criatura e nao
poderá executar a sua tarefa sagrada, na hipótese de seus trabalhadores
abandonarem o esforço próprio, no sentido de operar-se o reajustamento das
energias morais de cada indivíduo.
A
capacidade intelectual do homem é restrita ao seu aparelhamento sensorial ;
todavia, a iluminação de seu mundo intuitivo conduzi-lo aos mais elevados
planos de inspiração, onde a inteligência se prepara, em face das generosas
realizações que lhe compete atingir no imenso futuro espiritual.
A
grande necessidade, ainda e sempre, é a da evangelização íntima, para que todos
os operários da causa da verdade e da luz conheçam o caminho de suas atividades
regeneradoras, aprendendo que toda obra coletiva de fraternidade, na redenção
humana, não se efetua sem a cooperação legítima, cuja base é o esclarecimento
sincero, mas também é a abnegação, em que o discípulo sabe ceder, tolerar e
amparar, no momento oportuno.
Para
a generalidade dessa orientação moral faz-se indispensável que todos os centros
de estudo doutrinário sejam iluminados pelo Espiritismo evangélico, a fim de
que a mentalidade geral se aplique à luta da edificação própria, sem
fetichismos e sem o apoio temporal de forças exteriores, mesmo porque se Jesus
convocou ao seu coração magnânimo todos os que choram com o “vinde a mim, vós
os que sofreis”, também asseverou “tornai a vossa cruz e segui-me!...”,
esclarecendo a necessidade de experiências edificantes no círculo individual.
Resumindo,
somos compelidos a concluir que, em Espiritismo, não basta crer. O preciso
renovar-se. Não basta apreender as filosofias e as ciências do mundo, mas
sentir e aplicar com o Cristo.
(“Coletânea
do Além”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Espíritos Diversos)
Conduta
Espírita,
capítulo 21;
PERANTE
A CRIANÇA
André Luiz
Ver
no coração infantil o esboço da geração próxima, procurando ampará-lo em todas
as direções.
Orientação
da infância, profilaxia do futuro.
Solidarizar-se
com os movimentos que digam respeito à assistência à criança, melhorando
métodos e ampliando tarefas.
Educar
os pequeninos é sublimar a Humanidade.
Colaborar
decididamente na recuperação das crianças desajustadas e enfermas, pugnando
pela diminuição da mortalidade infantil.
Na
meninice corpórea, o Espírito encontra ensejo de renovar as bases da própria
vida.
Os
pais espíritas podem e devem matricular os filhos nas escolas de moral espírita
cristã, para que os companheiros recém-encarnados possam iniciar com segurança
a nova experiência terrena.
Os
pais respondem espiritualmente como cicerones dos que ressurgem no educandário
da carne.
Distribuir
incessantemente as obras infantis da literatura espírita, de autores encarnados
e desencarnados, colaborando de modo efetivo na implantação essencial da
Verdade Eterna.
O
livro edificante vacina a mente infantil contra o mal.
Observar
quando se deve ou não conduzir as crianças a reuniões doutrinárias.
A
ordem significa artigo de lei para toda idade.
Eximir-se
de prometer, às crianças que estudam, quaisquer prêmios ou dádivas como
recompensa ou (falso) estímulo pelo êxito que venham a atingir no
aproveitamento escolar, para não viciar-lhes a mente.
A
noção de responsabilidade nos deveres mínimos é o ponto de partida para o
cumprimento das grandes obrigações.
Não
permitir que as crianças participem de reuniões ou festas que lhes conspurquem
os sentimentos, e, em nenhuma oportunidade, oferecer-lhes presentes suscetíveis
de incentivar-lhes qualquer atitude agressiva ou belicosa, tanto em brinquedos
quanto em publicações.
A
criança sofre de maneira profunda a influência do meio.
Furtar-se
de incrementar o desenvolvimento de faculdades mediúnicas em crianças, nem lhes
permitir a presença em atividades de assistência a desencarnados, ainda mesmo
quando elas apresentem perturbações de origem mediúnica, circunstância esta em
que devem receber auxílio através da oração e do passe magnético.
Somente
pouco a pouco o Espírito se vai inteirando das realidades da encarnação.
Em
toda a divulgação, certame ou empreendimento doutrinário, não esquecer a
posição singular da educação da infância na Seara do Espiritismo, criando
seções e programas dedicados à criança em particular.
Sem
boa semente, não há boa colheita.
“Deixai
vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque deles é o reino de Deus.” —
Jesus.(LUCAS, 18:16.)
(“Conduta
Espírita” - André Luiz - Psicografia Waldo Vieira)
O Consolador, questões 109, 110, 112,
113 e 237;
109 –O período infantil é o
mais importante para a tarefa educativa?
-O período infantil é o
mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos.
Até aos sete anos, o
Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe
compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre
ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isso,
mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o caráter e a estabelecer
novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar
nos pais legítimos representantes do colégio familiar.
Eis por que o lar é tão
importante para a edificação do homem, e por que tão profunda é a missão da
mulher perante as leis divinas.
Passada a época infantil,
credora de toda vigilância e carinho por parte das energias paternais, os
processos de educação moral, que formam o caráter, tornam-se mais difíceis com
a integração do Espírito em seu mundo orgânico material, e , atingida a
maioridade, se a educação não se houver feito no lar, então, só o processo
violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção
das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu patrimônio
nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a Luz
interior dos sagrados princípios educativos.
110 –Qual a melhor escola de
preparação das almas reencarnadas, na Terra?
-A melhor escola ainda é o
lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter.
Os estabelecimentos de
ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família
pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas
somente o lar pode edificar o homem.
Na sua grandiosa tarefa de
cristianização, essa é a profunda finalidade do Espiritismo evangélico, no
sentido de iluminar a consciência da criatura, a fim de que o lar se refaça e
novo ciclo de progresso espiritual se traduza, entre os homens, em lares
cristãos, para a nova era da Humanidade.
112 –Como renovar os processos
de educação para a melhoria do mundo?
-As escolas instrutivas do
planeta poderão renovar sempre os seus métodos pedagógicos, com esses ou
aqueles processos novos, de conformidade com a psicologia infantil, mas a
escola educativa do lar só possui uma fonte de renovação que é p Evangelho, e
um só modelo de mestre, que é a personalidade excelsa do Cristo.
113 –Os pais espiritistas devem
ministrar a educação doutrinária a seus filhos ou podem deixar de fazê-lo
invocando as razões de que, em matéria de religião, apreciam mais a plena
liberdade dos filhos?
O período infantil, em sua
primeira fase, é o mais importante para todas as bases educativas, e os pais
espiritistas cristãos não podem esquecer seus deveres de orientação aos filhos,
nas grandes revelações da vida. Em nenhuma hipótese, essa primeira etapa das
lutas terrestres deve ser encarada com indiferença.
O pretexto de que a criança
deve desenvolver-se com a máxima noção de liberdade pode dar ensejo a graves
perigos. Já se disse, no mundo, que o menino livre é a semente do celerado. A
própria reencarnação não constitui, em si mesma, restrição considerável à
independência absoluta da alma necessitada de expiação e corretivo?
Além disso, os pais
espiritistas devem compreender que qualquer indiferença nesse particular pode
conduzir a criança aos prejuízos religiosos de outrem, ao apego do
convencionalismo, e à ausência de amor à verdade.
Deve nutrir-se o coração
infantil com a crença, com a bondade, com a esperança e com a fé em Deus. Agir
contrariamente a essas normas é abrir para o faltoso de ontem a mesma porta
larga para os excessos de toda sorte, que conduzem ao aniquilamento e ao crime.
Os pais espiritistas devem
compreender essa característica de suas obrigações sagradas, entendendo que o
lar não se fez para a contemplação egoística da espécie, mas, sim, para
santuário onde, por vezes, se exige a renúncia e o sacrifício de uma existência
inteira.
237 –Existe diferença
entre doutrinar e evangelizar?
-Há grande diversidade
entre ambas as tarefas. Para doutrinar, basta o conhecimento intelectual dos
postulados do Espiritismo; para evangelizar é necessária a luz do amor no
íntimo. Na primeira, bastarão a leitura e o conhecimento, na segunda, é preciso
vibrar e sentir com o Cristo. Por estes motivos, o doutrinador, muitas vezes
não e senão o canal dos ensinamentos, mas os sinceros evangelizados serão
sempre o reservatório da verdade, habilitado a servir às necessidades de
outrem, sem privar-se da fortuna espiritual de si mesmo.
(“O Consolador”, de F C
Xavier e Emmanuel)
O Espírito
da Verdade,
capítulo 16
EDUCAÇÃO
André
Luiz
O
amor é a base do ensino.
Professor
e aluno, cooperação mútua.
O
auto-aprimoramento será sempre espontâneo.
Disciplina
excessiva, caminho de violência.
A
curiosidade construtiva ajuda o aprendizado.
Indagação
ociosa, dúvida enfermiça.
Egoísmo
nalma gera temor e insegurança.
Evangelho
no coração, coragem na consciência.
Cada
criatura é um mundo particular de trabalho e experiência.
Não
existe vocação compulsória.
Toda
aula deve nascer do sentimento.
Automatismo
na instrução, gelo na idéia.
A
educação real não recompensa nem castiga.
A
lição inicial do instrutor envolve em si mesma a responsabilidade pessoal do
aprendiz.
Os
desvios da infância e da juventude refletem os desvios da madureza.
Aproveitamento
do estudante, eficiência do mestre.
Maternidade
e paternidade são magistérios sublimes.
Lar,
primeira escola; pais, primeiros professores; primeiro dia de vida, primeira
aula do filho.
Pais
e educadores! Se o lar deve entrosar-se com a escola, o culto do Evangelho em
casa deve unir-se à matéria lecionada em classe, na iluminação da mente em
trânsito para as esferas superiores de Vida.
(“O
Espírito da Verdade” de Francisco Cândido Xavier e autores diversos)
O Espírito
da Verdade,
capítulo 27
CARTA A MEU FILHO
J.
Cap.
XIV – Item 9
Meu
filho, dito esta carta para que você saiba que estou vivo.
Quando
você me estendeu a taça envenenada que me liquidou a existência, não pensávamos
nisso.
Nem
você, nem eu.
A
idéia da morte vagueava longe de mim, porque esperava de suas mãos apenas o
remédio anestesiante para a minha enxaqueca.
Entendi
tudo, porém, quando você, transtornado, cerrou subitamente a porta e exclamou
com frieza:
-Morre,
velho!
As
convulsões que me tomavam de improviso, traumatizavam-me a cabeça...
Era
como se afiada navalha me cortasse as vísceras num braseiro de dor.
Pude
ainda, no entanto, reunir minhas forças em suprema ansiedade e contemplar você,
diante de meus olhos.
Suas
palavras ressoavam-me aos ouvidos: __ “morre, velho!”
Era
tudo o que você, alterado e irreconhecível, tinha agora a dizer.
Entretanto,
o amor em minh’alma era o mesmo.
Tornei
à noite recuada quando o afaguei pela primeira vez.
Sua
mãezinha dormia, extenuada...
Pequenino
e tenro de encontro ao meu peito, senti em você meu próprio coração a vagir nos
braços...
E
as recordações desfilaram, sucessivas.
Você,
qual passarinho contente a abrigar-se em meu colo, o álbum de fotografias em
que sua imagem apresentava desenvolvimento gradativo em todas as posições, as
festas de aniversário e os bolos coloridos enfeitados de velas que seus lábios
miúdos apagavam sempre numa explosão de alegria... Rememorei nossa velha casa,
a princípio humilde e pobre, que o meu suor convertera em larga habitação, rica
e farta... Agoniado, recordei incidentes, desde muito esquecidos, nos quais me
observava expulsando crianças ternas e maltrapilhas do grande jardim de inverno
para que nosso lar fosse apenas seu... Reencontrei-me, trabalhando, qual
suarento animal, para que as facilidades do mundo nos atendessem as ilusões e
os caprichos...
Em
todos os quadros a se me reavivarem na lembrança, era você o grande soberano de
nosso pequeno mundo...
O
passado continuou a desdobrar-se, dentro de mim. Revisei nossa luta para que os
livros lhe modificassem a mente, o baldado esforço para que a mocidade se lhe
erigisse em alicerce nobre ao futuro... De volta às antigas preocupações que me
assaltavam, anotei-lhe, de novo, as extravagâncias contínuas, os aperitivos, os
bailes, os prazeres, as companhias desaconselháveis, a rebeldia constante e o
carro de luxo com que o presenteei num momento infeliz...
Filho
do meu coração, tudo isso revi...
Dera-lhe
todo o dinheiro que conseguira ajuntar, mas você desejava o resto.
Nas
vascas da morte, vi-o, ainda, mãos ansiosas, arrebatando-me o chaveiro para
surripiar as últimas jóias de sua mãe...Vi perfeitamente quando você empalmou o
dinheiro, que se mantinha fora de nossa conta bancária, e, porque não podia
odiá-lo, orei – talvez com fervor e sinceridade pela primeira vez – rogando a
Deus nos abençoasse e compreendendo, tardiamente, que a verdadeira felicidade
de nossos filhos reside, antes de tudo, no trabalho e na educação com que lhes
venhamos a honrar a vida.
Não
dito esta carta para acusá-lo.
Nem
de leve me passou pelo pensamento o propósito de anunciar-lhe o nome.
Você
continua sangue de meu sangue, coração de meu coração.
Muitas
vezes, ouvi dizer que há filhos criminosos, mas entendo hoje que, na maioria
das circunstâncias, há, junto deles, pais delinqüentes por acreditarem muito
mais na força do cofre que na riqueza do espírito, afogando-os, desde cedo, na
sombra da preguiça e no vício da ingratidão.
Não
venho falar, assim, unicamente a você, porque seu erro é o meu erro igualmente.
Falo também a outros pais, companheiros meus de esperança, para que se precatem
contra o demônio do ouro desnecessário, porque todo ouro desnecessário, quando
não busca o conselho da caridade, é tentação à loucura.
Há
quem diga que somente as mães sabem amar e, realmente, o regaço materno é uma
bênção do paraíso. Entretanto, meu filho, os pais também amam e, por amar
imensamente a você, dirijo-lhe a presente mensagem, afirmando-lhe estar em
prece para que a nossa falta encontre socorro e tolerância nos tribunais da
Divina Justiça, aos quais rogo me concedam, algum dia, a felicidade de tê-lo
novamente ao meu lado, por retrato vivo de meu carinho... Então nós dois
juntos, de passo acertado no trabalho e no bem, aprenderemos, enfim, como
servir ao mundo, servindo a Deus.
(“O
Espírito da Verdade. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier)
O Espírito
da Verdade,
capítulo 99;
MENSAGEM DA CRIANÇA AO
HOMEM
Meimei
Construístes
palácios que assombram a Terra; entretanto, se me largas ao relento, porque me
faltem recursos para pagar hospedagem, é possível que a noite me enregele de
frio.
Multiplicaste
os celeiros de frutos e cereais, garantindo os próprios tesouros; contudo, se
me negas lugar à mesa, porque eu não tenha dinheiro a fim de pagar o pão,
receio morrer de fome.
Levantastes
universidades maravilhosas, mas se me fechas a porta da educação, porque eu não
possua uma chave de ouro, temo abraçar o crime, sem perceber.
Criaste
hospitais gigantescos; no entanto, se não me defendes contra as garras da
enfermidade, porque eu não te apresente uma ficha de crédito, descerei bem cedo
ao torvelinho da morte.
Proclamas
o bem por base da evolução; todavia, se não tens paciência para comigo, porque
eu te aborreça, provavelmente ainda hoje cairei na armadilha do mal, como ave
desprevenida no laço do caçador.
Em
nome de Deus que dizes amar, compadece-te de mim!...
Ajuda-me
hoje para que eu te ajude amanhã.
Não
te peço o máximo que alguém talvez te venha a solicitar em meu benefício...
Rogo
apenas o mínimo do que me podes dar para que eu possa viver e aprender.
(“O
Espírito da Verdade”. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier)
Estante da
Vida,
capítulo 18
A LENDA DA CRIANÇA
Irmão X
Dizem que o Supremo Senhor, após situar na Terra os
primeiros homens, dividindo-os em raças diversas, esperou, anos e anos, pela
adesão deles ao Bem Eterno. Criando a todos para a liberdade, aguardou
pacientemente que cada um construísse o seu próprio mundo de sabedoria e
felicidade. À vista disso, com surpresa, começou a ouvir do Planeta Terrestre,
ao invés de gratidão e louvor, unicamente desespero e lágrimas, blasfêmias e
imprecações, até que, um dia, os mais instruídos, amparados no prestígio de
Embaixadores Angélicos, se elevaram até Deus, a fim de suplicarem providências
especiais. E, prosternados diante do Todo-Poderoso, rogaram cada qual por sua
vez:
Pai, tem misericórdia de nós!... Repartimos a
Terra, mas não nos entendemos... Todos reprovamos o egoísmo; no entanto, a
ambição nos enlouquece e, um por um, aspiramos a possuir o maior quinhão!...
Oh! Senhor!... Auxilia-nos!...
Deste-nos a autonomia; contudo, de que modo manejá-la com segurança?
Instruíste-nos códigos de amparo mútuo; no entanto, ai de nós!...
Caímos, a cada passo, pelos abusos de nossa prerrogativas!...
Santo dos Santos, socorre-nos por piedade!...
Concedeste-nos a paz e hostilizamo-nos uns aos outros. Reuniste-nos debaixo do
mesmo Sol!... Nós, porém, desastradamente, em nossos desvarios, na
conquista de domínio, inventamos a guerra... Ferimo-nos e ensanguentamo-nos, à
maneira de feras no campo, como se não tivéssemos, dada por ti, a liz da razão!...
Pa Amantíssimo, enriqueceste-nos com os preceitos da
justiça; todavia, na disputa de posições indébitas, estudamos os melhores meios
de nos enganarmos reciprocamente, e, muitas vezes, convertermos aas nossas
relações em armadilhas nas quais os mais astuciosos transfiguram os mais
simples em vítimas de alucinadoras paixões... Ajuda-nos e liberta-nos do mal!...
Ó Deus de Infinita Bondade, intervém a nosso favor!
Inflamaste-nos os corações com a chama do gênio, mas habitualmente resvalamos
para os despenhadeiros do vício... Em muitas ocasiões, valemo-nos do raciocínio
e da emoção para sugerir a delinquência ou envenenar-nos no desperdício de
forças, escorregando para as trevas da enfermidade e da morte!...
Conta-se que o Todo-Misericordioso contemplou os
habitantes da Terra, com imensa tristeza, e exclamou, amorosamente:
Ah! meus filhos!... meus filhos!...
Apesar de tudo, eu vos criei livres e livres sereis para sempre, porque, em
nenhum lugar do Universo, aprovarei princípios de escravidão!...
Oh! Senhor – soluçaram os homens -, compadeça-te
então de nós e renova-nos o futuro!... Queremos acertar, queremos ser
bons!...
O Todo-Sábio meditou, meditou...
Depois de alguns minutos, falou comovido:
Não posso modificar as Leis Eternas. Dei-vos o Orbe
Terreno e sois independentes para estabelecer nele a base de vossa ascensão aos
Planos Superiores. Tereis, constantemente e seja onde for, o que fizerdes, em
função de vosso próprio livre arbírtrio!... Conceder-vos-ei, porém, um tesouro
de vida e renovação, no qual, se quiserdes, conseguirei engrandecer o progresso
e abrilhantar o Planeta... Nesse escrínio de inteligência e de amor, disporeis
de todos os recursos para solidificar a fraternidade, dignificar a ciência,
edificar o bem comum e elevar o direito... De um modo ou de outro, todos
tereis, doravante, esse tesouro vivo, ao vosso lado, em qualquer parte da
Terra, a fim de que possais aperfeiçoar o mundo e santificar o porvir!...
Dito isso, o Senhor Supremo entrou nos Tabernáculos
Eternos e voltou de lá trazendo um ser pequenino nos braços paternais...
Nesse augusto momento, os atormentados filhos da Terra
receberam de Deus a primeira criança.
(“Estante da Vida” – Pelo Espírito “Irmão X” - Psicografia Francisco
C. Xavier)
Excursão de
Paz,
capítulo 13
EVANGELIZAÇÃO
PARA CRIANÇAS
Bezerra
de Menezes
Que
diz da existência, no Lar, de uma Escola Espírita de Evangelização? E da
administração de aulas a crianças num Centro Espírita, no posto mediúnico? (A
existência de um Grupo Espírita, para fins mediúnicos, num Lar, sabemos
prejudicar a atmosfera psíquica).
“Consideramos
que o Culto do Evangelho em casa pode funcionar e deve funcionar em apoio da
Escola Espírita de Evangelização, sob amparo e supervisão dos pais que, a
rigor, são os primeiros orientadores dos filhinhos.
Somos
de opinião que o recinto de evangelização pública, num templo espírita, é
sempre o lugar mais adequado à evangelização da criança, porquanto semelhante
cenáculo do pão espiritual guarda consigo a natureza da escola.”
Será
que uma Escola Espírita de Evangelização em uma entidade espírita corre o risco
de prejudicar demais a formação do caráter das crianças, se os orientadores
deixarem de observar para consigo mesmos certos requisitos como: cumprimento de
horário, preparação criteriosa das aulas, assiduidade, etc.?
-
“Perfeitamente. A primeira cartilha da criança, na escola da vida, é o exemplo
dos adultos que a cercam”.
(Respostas
dadas por Bezerra de Menezes, pelo médium Francisco Cândido Xavier, para a
“Didática Especial de Espiritismo” elaborada pela Aliança Municipal Espírita de
Juiz de Fora, 1970)
(“Excursão
de Paz” - Psicografia Francisco Cândido Xavier - Autores Diversos)
Família, “Infância”
INFÂNCIA
Emmanuel
Muitos psicólogos modernos
acreditam que as crianças devem ser entregues à inclinação espontânea, cabendo
aos adultos o dever de auscultar-lhes a vocação, a fim de auxiliá-las a
exprimir os próprios desejos.
Esquecem-se,
no entanto, de que o trabalho e a reflexão vibram na base de todas as ações
alusivas ao aprimoramento da natureza.
Se
o cultivador aguarda valioso rendimento da planta, há que propiciar-lhe adubo e
carinho.
Se
o estatuário concebe a formação da obra-prima, não prescinde do amor no trato
da pedra.
Se
o oleiro aspira a plasmar uma idéia no corpo da argila, necessita condicioná-la
em forma conveniente.
Se
o construtor espera segurança e beleza no edifício que lhe atende à supervisão,
não pode afastar-se da disciplina, ante o plano traçado.
Toda
obra revela a fisionomia espiritual de quem a executa.
Além
disso, treinam-se potros para corridas, instruem-se muares para tração,
exercitam-se pombos para correio e amestram-se cães para tarefas
salvacionistas.
Como
relegar a criança à vala da indiferença?
Do
berço humano surgem muitos santos e heróis, para tarefas sublimes, no entanto,
em maior proporção, aí respiram, na moldura de temporária inocência, almas
comuns que suspiram por libertar-se da ignorância e da delinqüência.
Instinto
à solta na infância é passaporte para o desequilíbrio.
Menino
em desgoverno; - celerado em preparação.
Hoje,
criança livre; - amanhã, problema laborioso.
Pequeninos
refletem grandes.
Filhos
imitam os pais.
Os
hábitos da madureza criam a moda espiritual para a juventude.
Esclareçamos
nossos filhos no livro do exemplo nobre.
Nem
frio que os mantenha na servidão, nem licença que os arremesse ao charco da
libertinagem.
Em
verdade, a criança é o futuro.
Mais
ninguém colherá futuro melhor, sem frutos da educação.
(“Família” de F C Xavier e Emmanuel)
Fonte Viva, capítulo 157
CRIANÇAS
Emmanuel
"Vede,
não desprezeis alguns destes pequeninos...". - Jesus. (Mateus, 18:10
Quando Jesus nos recomendou não desprezar os
pequeninos, esperava de nós não somente medidas providenciais alusivas ao pão e
a vestimenta.
Não basta alimentar minúsculas bocas famintas ou
agasalhar corpinhos enregelados. É imprescindível o abrigo moral que assegure
ao espírito renascente o clima de trabalho necessário a sua sublimação.
Muitos pais garantem o conforto material dos
filhinhos, mas lhes relegam a alma a lamentável abandono.
A vadiagem na rua fabrica delinqüentes que acabam
situados no cárcere ou no hospício, mas o relaxamento espiritual no reduto
doméstico gera demônios sociais de perversidade e loucura que em muitas
ocasiões, amparados pelo dinheiro ou pelos postos de evidência, atravessam
largas faixas do século, espalhando miséria e sofrimento, sombra e ruína, com
deplorável impunidade à frente da justiça terrestre.
Não desprezes, pois, a criança, entregando-a aos
impulsos da natureza animalizada.
Recorda que todos nós achamos em processo de
educação e reeducação, diante do Divino Mestre.
O prato de refeição é importante no
desenvolvimento da criatura, todavia, não podemos esquecer "que nem só de
pão vive o homem".
Lembremo-nos
da nutrição espiritual dos meninos, através de nossas atitudes e exemplos,
avisos e correções, em tempo oportuno, de vez que desamparar moralmente a
criança, nas tarefas de hoje, será condená-la ao menosprezo de si mesma, nos
serviços de que se responsabilizará amanhã.
(Fonte
Viva. Pelo
Espírito Emmanuel. Psicografia Francisco C. Xavier)
Lázaro
Redivivo,
capítulo 15
RESPOSTA DO ALÉM
Irmão
X.
Minha
irmã: valho-me do "correio do outro mundo" para responder à sua
carta, cheia da sensibilidade do seu coração de mulher.
Pede-me
a senhora o concurso de Espírito desencarnado para a solução de problemas
domésticos no setor de educação aos filhinhos que Deus lhe confiou.
Conforma-me, sobremaneira, a sua generosidade; entretanto, minha amiga, a
opinião dos mortos, esclarecidos na realidade que lhes constitui o novo
ambiente, será sempre muito diversa do conceito geral.
A
verdade que o túmulo nos fornece renova quase todos os preceitos que nos
pautavam as atitudes.
Aí
no mundo, entrajados no velho manto das fantasias, raros pais conseguem fugir à
cegueira do sangue. De orientadores positivos, que deveríamos ser, passamos à
condição de servidores menos dignos dos filhos que a providência nos entrega,
por algum tempo, ao carinho e ao cuidado.
Na
Europa, trabalhada pelo sofrimento, existem coletividades que já se acautelam
contra os perigos da inconsciência na educação infantil entre mimos e caprichos
satisfeitos. Conhecemos, por exemplo, um rifão inglês que recomenda: -
"poupa a vara e entrega a criança". Mas, na América, geralmente,
poupamos os defeitos da criança para que o jovem nos deite a vara logo que
possa vestir-se sem nós. Naturalmente que os britânicos não são pais
desnaturados, nem monstros que atormentem os meninos na calada da noite, mas
compreenderam, antes de nós, que o amor, para educar, não prescinde da energia
e que a ternura, por mais valiosa, não pode dispensar o esclarecimento.
Dentro
do Novo Mundo, e principalmente em nos País, as crianças são pequeninos e
detestáveis senhores do lar que, aos poucos, se transformam em perigosos
verdugos. Enchemo-las de brinquedos inúteis e de carinhos prejudiciais, sem a
vigilância necessária, diante do futuro incerto. Lembro-me, admirado, do tempo
em que se considerava herói o genitor que roubasse um guizo para satisfazer a
impertinência de algum pequerrucho traquinas e, muitas vezes, recordo,
envergonhado, a veneração sincera com que via certas mães insensatas a se
debulharem em pranto pela impossibilidade de adquirir uma grande boneca para a
filhinha exigente. A morte, todavia, ensinou-me que tudo isso não passa de
loucura do coração.
É
necessário despertar a alegria e acender a luz da felicidade em torno das almas
que recomeçam a luta humana, em corpos tenros e, muita vez, enfermiços. Fora
tirania doméstica subtraí-las ao sol, ao jardim, à Natureza. Seria crime
cerrar-lhes o sorriso gracioso, com os ralhos inoportunos, quando os seus olhos
ingênuos e confiantes nos pedem compreensão. Entretanto, minha amiga, não
cogitamos de proporcionar-lhes a alegria construtiva, nem nos preocupamos com a
sua felicidade real. Viciamo-lhas simplesmente.
Começamos
a tarefa ingrata, habituando-lhes a boca às piores palavras da gíria e
incentivando-lhes as mãos pequenas à agressividade risonha. Horrorizamo-nos
quando alguém nos fala em corrigenda e trabalho. A palmatória e a oficina
destinam-se aos filhos alheios. Convertemos o lar, santuário edificante que a
Majestade Divina nos confia na Terra, em fortaleza odiosa, dentro da qual
ensinamos o menosprezo aos vizinhos e a guerra sistemática aos semelhantes.
Satisfazendo-lhes os caprichos, dispomo-nos a esmagar afeições sublimes,
ferindo nossos melhores amigos e descendo aos fundos abismos do ridículo e da
estupidez. Fiéis às suas descabidas exigências, falhamos em setenta por cento
de nossas oportunidades de realização espiritual na existência terrestre.
Envelhecemo-nos prematuramente, contraímos dolorosas enfermidades da alma e,
quase sempre, só reconhecem alguma coisa de nossa renúncia vazia, ;quando o
matrimônio e a família direta os defrontam, no extenso caminho da vida,
dilatando-lhes obrigações e trabalhos. Ainda aí, se a piedade não comparece no
quadro de suas concepções renovadas, convertem-nos em avós escravos e
submissos.
A
morte, porém, colhe nossa alma em sua rede infalível para que nos aconselhemos,
de novo, com a verdade. Cai-nos a venda dos olhos e observamos que os nossos
supostos sacrifícios não representavam senão amargoso engano da personalidade
egoística. Nossas longas vigílias e atritos angustiosos eram, apenas, a defesa
improfícua de mentiroso sistema de proteção familiar. E humilhados, vencidos
tentamos debalde o exercício tardio da correção. Absolutamente desamparados de
nossa lealdade e de nossa indesejável ternura, os filhos do nosso amor rolam,
vida afora, aprendendo na aspereza do caminho comum. É que, antes de serem os
rebentos temporários de nosso sangue, eram companheiros espirituais do campo a
vida infinita, e, se voltaram ao internato da reencarnação, é que necessitavam
atender ao resgate, junto de nós outros, adquirindo mais luz no entendimento.
Não devíamos cercá-los de mimos inúteis, mas de lições proveitosas,
preparando-os, em face das exigências da evolução e do aprimoramento para a
vida eterna.
Desse
modo, minha amiga, use os seus recursos educativos compatíveis com o
temperamento de cada bebê, encaminhando-lhes o passo, desde cedo, na estrada do
trabalho e dobem, da verdade e da compreensão, porque as escolas públicas ou
particulares instruem a inteligência, mas não se podem responsabilizar pela
edificação do sentimento. Em cada cidade do mundo pode haver um Pestalozzi que
coopere na formação do caráter infantil, mas ninguém pode substituir os pais na
esfera educativa do coração.
Se
a senhora, porém, não acreditar em minhas palavras, por serem filhas da
realidade indisfarçável e dura, exercite exclusivamente o carinho e espere pela
lição do futuro, sem incomodar-se com os meus conselhos, porque eu também, se
ainda estivesse envolvido na carne terrestre e se um amigo do "outro
mundo" me viesse trazer os avisos que lhe dou, provavelmente não os
aceitaria.
(“Lázaro
Redivivo”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier)
Livro da
Esperança,
capítulo 18
PEQUENINOS
Emmanuel
“Em
verdade vos digo que aquele que não receber o reino de Deus coma uma criança nele não entrará. ” JESUS -
MARCOS, 10: 15.
“A
pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui toda
idéia de egoísmo e de orgulho. Por isso é que Jesus toma a infância como
emblema dessa pureza, do mesmo, modo que a tomou como humildade.” (Ev Cap.8:3)
No
mundo, resguardamos zelosamente livros e pergaminhos, empilhando compêndios e
documentações, em largas bibliotecas, que são cofres fortes do pensamento.
Preservamos
tesouros artísticos de outras eras, em museus que se fazem riquezas de
avaliação inapreciável.
Perfeitamente
compreensível que assim seja.
A
educação não prescinde da consulta ao passado.
Acautelamos
a existência de rebanhos e plantações contra flagelos despendendo milhões para
sustar ou diminuir a força destrutiva das inundações e das secas.
Mobilizamos
verbas astronômicas, no erguimento de recursos patrimoniais, devidos ao
conforto da coletividade, tanto no sustento e defesa, das instituições, quanto
no equilíbrio e aprimoramento das relações humanas.
Claramente
normal que isso aconteça.
Indispensável
prover às exigências do presente com todos os elementos necessários à
respeitabilidade da vida.
Urge,
entretanto, assegurar o porvir, a esboçar-se impreciso, no mundo ingênuo da
infância.
Abandonar
pequeninos ao léu, na civilização magnificente da atualidade, é o mesmo que
levantar soberbo palácio, farto de viandas, abarrotado de excessos e faiscante
de luzes, relegando o futuro dono ao relaxamento e ao desespero, fora das
portas.
A
criança de agora erigir-se-nos-á fatalmente em biografia e retrato depois.
Além
de tudo, é preciso observar que, segundo os princípios da reencarnação, os
mesmos de hoje desempenharão, amanhã, junto de nós, a função de pais e
conselheiros, orientadores e chefes.
Não
nos cansemos, pois, de repetir que todos os bens e todos os males que
depositarmos no espírito da criança ser –nos- ão devolvidos.
("Livro da Esperança" - Psicografado por
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER)
Luz no
Caminho, “Opinião
de Emmanuel”;
OPINIÃO DE EMMANUEL
Emmanuel
Orientar
a infância e a mocidade, em Cristo, é iluminar o presente e preparar o futuro
do mundo.
Não
se ergue a casa sem alicerces.
Impraticável
a edificação da cidade sem o desbravamento.
Incalculável
a bênção da colheita sem o suor da semeadura.
Impossível
civilizar sem aparelhar, recolher o bem legitimo sem esforçarmo-nos, exigir de
outrem sem dar de nós mesmos.
A
obra do Espiritismo Evangélico, junto da mente juvenil, é setor fundamental nas
realizações doutrinarias, reclamando o concurso indispensável dos cooperadores
fiéis.
Há
serviços diversos de assistência e socorro aos filhos da luta humana, situados
no entardecer da existência.
A
fenomenologia atende à curiosidade construtiva; a solidariedade fraternal
mitiga o infortúnio; a esperança é distribuída à mesa do sofrimento.
O
Espiritismo com Jesus, entretanto, não é somente o corredor de acesso ao
paraíso das consolações.
Representa,
acima de tudo, movimento libertador da consciência encarnada, oficina de
instalação do Reino Divino no campo humano.
Existem
inúmeros seguidores e aprendizes da fé procurando recursos de se transportarem
para o Céu, a qualquer preço, ciosos de sua felicidade egoísta e interessados
em fugir aos testemunhos vivos de trabalho que lhes compete; raros se dispõem a
colaborar com o Cristo, a fim de que o Céu se estabeleça na Terra.
Razoável
amparar aos que indagam e auxiliar aos que choram, entretanto, é imprescindível
estender braço amigo aos que se iniciam no aprendizado, em plena manhã da vida
humana, para que aprendam a perguntar e a sofrer com proveito.
Auxiliar,
portanto, a compreensão dos meninos e dos jovens na organização espiritista
cristã é lançar fundamentos do Reino de Deus, efetuando a sementeira de luz e
amor para a felicidade do homem e traçando o caminho de libertação do Planeta,
ainda preso às teias da ignorância, força geratriz de todos os monstros que
atormentam a Humanidade.
Estendamos
o reconforto a todos os redutos da lágrima corretiva e santificante,
desfazendo, porém, a treva, onde estiver, como quem sabe que o mal só se
extingue com a medicação devida nas causas que o desdobram.
Educar
a juventude, nos sagrados princípios do amor cristão e da imortalidade,
dilatando-lhe os horizontes do entendimento, é serviço de renovação mundial.
Destacando
semelhante verdade e conclamando companheiros para o trabalho de elevação, não
podemos esquecer que o Evangelho, em si mesmo, consubstancia o mais alto
instituo de educação divina em toda a Terra e que Jesus, com inexcedível
acerto, além de Salvador, deve ser considerado e recebido em todo o mundo, como
Divino Mestre.
(Opinião
de Emmanuel, em resposta ao Professor Leopoldo Machado que solicitou uma
opinião de Emmanuel sobre as Uniões da juventude Espírita no Brasil).
(“Luz
no Caminho” – Autor – Emmanuel – Psicografia de Francisco Candido Xavier)
Nós, “Súplica da criança ao
homem”;
SÚPLICA DA CRIANÇA AO HOMEM
Emmanuel
AMIGO!
Auxilia-me agora, para que
eu te auxilie depois.
Não me relegues ao
esquecimento, nem me condenes à ignorância ou à crueldade.
Venho ao encontro de tuas
nobres aspirações, de teu convívio, de tua obra...
Em tua companhia estou na
condição da argila nas mãos do oleiro.
Hoje sou sementeira,
fragilidade, promessa...
Amanhã, porém, serei tua
própria realização.
Corrige-me, com amor,
quando a sombra do erro envolver-me o caminho, para que a confiança não me
abandone.
Protege-me contra o
mal!...
Ensina-me a descobrir o
bem, onde estiver.
Não me afastes de Deus e
auxilia-me a conservar o amor e o respeito que devo às pessoas, aos animais e
às coisas que me cercam.
Não me negue tua boa
vontade, teu carinho, tua paciência...
Tenho tanta necessidade do
teu coração, quanto a plantinha tenta precisa da água para prosperar e viver.
Dá-me tua bondade e
dar-te-ei cooperação.
De ti depende que eu seja
pior, ou melhor, amanhã.
(“Nós” – Psicografia:
Francisco Candido Xavier)
Religião dos
Espíritos,
“Essas outras crianças”;
ESSAS
OUTRAS CRIANÇAS
Emmanuel_
Quando
abraças teu filho, no conforto doméstico, fica essas outras crianças que
jornadeiam sem lar.
Dispões
de alimento abundante para que teu filho se mantenha em linha de robustez.
Essas
outras crianças, porem, caminham desnorteadas, aguardando os restos da mesa que
lhes atira, com displicência, findo o repasto.
Escolhes
a roupa nobre e limpa de que teu filho se vestirá, conforme a estação.
Todavia,
essas outras crianças tremem de frio, recobertas de andrajos.
Defendes
teu filho contra a intempérie, sob o teto acolhedor, sustentando-o à feição de
jóia no escrínio.
Contudo
, essas outras crianças cochilam estremunhadas na via pública quando não se
distendem no espaço asfixiante do esgoto.
Abres
ao olhar deslumbrados de teu filho, os tesouros da escola.
E
essas outras crianças suspiram debalde pela luz do alfabeto, acabando, muita
vez, encerradas no cubículo das prisões, à face da ignorância que lhes cega a
existência.
Conduzes
teu filho a exame de pediatras distintos sempre que entremostre leve dor de
cabeça.
Entretanto,
essas outras crianças mimadas por moléstias atrozes, agonizam em leitos de
pedra, sem que mão amiga as socorra.
Ofereces
aos sentidos de teu filho, a festa permanente das sugestões felizes, através da
educação incessante.
No
entanto, essas outras crianças guardam olhos e ouvidos quase sintonizados no
lodo abismal das trevas.
Afaga,
assim, teu filho no trono familiar, mas desce ao pátio da provação, onde essas
outras crianças se agitam em sombra ou desespero e ajuda-as quanto possa!
Quem
serve no amor de Cristo, sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço
de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam
maravilhas.
Proclamas
a cada passo que esperas confiante o esplendor do futuro mas, enquanto essas
outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor.
("Religião
dos Espíritos" de F C Xavier e Emmanuel)
Sinais de
rumo,
“Mensagem de amigo”;
MENSAGEM
DE AMIGO
Casimiro Cunha
Toda criança na Terra
É sempre uma vida em flor
Que se dirige ao futuro,
Necessitando de amor.
Se quiserdes vida nova,
Acendei a própria luz,
Dando à criança o caminho
Da elevação com Jesus.
(“Sinais de Rumo”, de F C Xavier e espíritos diversos)
Taça de luz, capítulo 37;
A
CRIANÇA
Emmanuel
Levantará
o homem o próprio ninho à plena altura, estagiando no tope dos gigantescos
edifícios de cimento armado...
Escalará
o fastígio da ciência, povoando o espaço de ondas múltiplas, incessantemente
convertidas em mensagens de som e cor.
Voará
em palácios aéreos, cruzando os céus com a rapidez do raio...
Elevar-se-á
sobre torres poderosas, estudando a natureza e o movimento dos astros...
Erguer-se-á,
vitorioso, aos cimos da cultura intelectual, especulando sobre a essência do
Universo...
Entretanto,
se não descer, repleto de amor, para auxiliar a criança, no chão do mundo,
debalde esperará pela Humanidade Melhor.
Na infância, surge,
renovado, o germe da perfeição, tanto quanto na alvorada recomeça o fulgor do
dia.
Estende
os braços generosos e ampara os pequeninos que te rodeiam.
Livra-os,
hoje, da ignorância e da penúria, da preguiça e da crueldade, para que, amanhã,
saibam livrar-se do crime e do sofrimento.
Filha de tua carne ou
rebento do lar alheio, cada criança é vida de tua vida.
Aprende
a descer para ajuda-la, como Jesus desceu até nós para redimir-nos.
Sem
a recuperação da infância para a glória do bem, todo o progresso humano
continuará oscilando nos espinheiros da ilusão e do mal.
Não olvides que, ao pé de
cada berço, Deus nos permite encontrar o próprio futuro. De nós depende faze-lo
trilho perigoso para a descida à sombra ou estrada sublime para a ascensão à
luz.
Psicografia
em Reunião Pública. Data – 22-9-2956.
Local
– Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas.
(“Taça
de Luz” (Espíritos Diversos), de Francisco Cândido Xavier)
A Terra e o
Semeador,
itens 98 a 103;
EVANGELIZAÇÃO
DA CRIANÇA
Encontramos
no movimento de Evangelização da criança, aquele verdadeiro movimento de
formação espiritual da infância, diante do futuro!
Com
essas palavras, o nosso querido companheiro CHICO XAVIER, inicia sua entrevista
concedida ao TRIÂNGULO ESPÍRITA, a propósito do mais sério movimento espírita
nacional: a evangelização da criança. Eis, na íntegra, a entrevista:
98
– FORMAÇÃO ESPIRITUAL DA INFÂNCIA
P
– Como o senhor vê o movimento de Evangelização da criança?
R
– Há muitos anos, nós todos, os companheiros de Doutrina Espírita, encontramos
no movimento de Evangelização da Criança, aquele verdadeiro movimento de
formação espiritual da infância, diante do futuro. Há muito tempo acompanho o
Departamento de Infância e Juventude da federação Espírita do Estado de São
Paulo, e admiro profundamente o trabalho que ali se realiza neste setor.
99
– APOIO AOS EVANGELIZADORES
P
– Qual a tarefa do dirigente espírita junto aos evangelizadores?
R
– Cremos que o dirigente de Instituição Espírita, a nosso ver, deveria
prestigiar no máximo o trabalho dos evangelizadores, porque eles funcionam
dentro da Organização Espírita-Cristã, como legítimos educadores dos pequeninos
que amanhã tomarão o nosso lugar, em todos os setores da experiência terrestre.
Esse
trabalho é grande e sublime demais para ser subestimado, por isso mesmo nós
admitimos, que o assunto não pode escapar do apoio dos dirigentes espíritas,
que, naturalmente, se estão devidamente conscientizados de suas tarefas, hão de
apoiar os professores como sendo companheiros dos mais estimáveis na Seara
Espírita evangélica.
100
– SIMPÓSIO SOBRE EVANGELIZAÇÃO DA CRIANÇA
P
– O que o senhor acha da realização do Simpósio sobre Evangelização da Criança?
R
– Nós acreditamos que o Simpósio é uma necessidade, porque favorece a troca dos
pontos de vista e dos estudos experimentais que possam ser realizados em torno
da educação espírita-cristã, dedicada à criança; antes da ministração de
ensinamentos mais claros e mais definitivos da Doutrina Espírita, aplicada à
nossa própria vivência, no caminho comum da Terra.
O
simpósio é como se fora uma reunião de pais ou responsáveis observando que tipo
de alimentação pode ser dado a determinadas comunidades infantis. Antes das
lições em si, o Simpósio é sempre uma preparação de contatos. E nós não podemos
esquecer isto, sem nos perdemos na precipitação, que acaba sempre em prejuízo e
em atividade inútil dento de nossas instituições.
101
– PROGRAMA DE ESTUDOS
P
– Quais as matérias que os espíritos gostariam que fossem estudadas neste
Simpósio?
R
– Temos ouvido o espírito de Emmauel há muitos anos com respeito e estes
assuntos, e ele admite, sem nenhuma exigência, porque os nossos amigos
espirituais não nos violentam em atitude alguma , ele considera que seria muito
interessante os professores encarnados na Terra, e que se encontram nessa
maravilhosa tarefa de preparação do futuro na mente infantil, ele considera que
seria interessantes reuniões deles, selecionando os temas espíritas, dentro da
atualização dos nossos processos atuais de
(*)
Transcrita do jornal “O Triangulo Espírita”, Uberaba, MG, 31 de dezembro de
1972.
vivência,
para que a criança possa se desenvolver para a vida adulta e experiências que a
esperam no dia de amanhã. Nós sempre nos desvelamos em nossas casas, no ensino
da bondade, do perdão, das atitudes evangélicas em si, mas precisávamos
descobrir um meio de comunicar à criança, algum ensinamento em torno da Lei de
Causa e Efeito, mostrando determinados tópicos dos mais expressivos para o
mundo infantil, com respeito à reencarnação, o problema da imortalidade da
alma.
Muitas
vezes, encontramos crianças traumatizadas pela perda de irmãos pequeninos, pela
perda dos pais, pela perda de amigos, de parentes próximos, e nos esquecemos de
que os pequeninos, também, esperam uma palavra de consolo e de esclarecimento,
qual uma acontece com os adultos, diante dos processos de desencarnação.
E
muitas vezes, nós esquecemos de conduzir a criança para este tipo de lição,
para este tipo de comentários, com receio de apressar na mente da criança
determinados pensamentos com relação à morte do corpo. Precisávamos estudar
quais os meios d começar a oferecer à criança, bases para que ele se conheça no
mundo em que está vivendo e naquele mundo social em que ela vai viver.
Mas,
é assunto dos professores, porque os espíritos amigos dizem sempre que, aqueles
que se reencarnam na Terra para determinadas tarefas, não devem ser incomodados
com opiniões estranhas a eles mesmos, desde que, se eles receberam estes
encargos, é porque eles os merecem, e está na órbita das responsabilidades
deles.
Os
professores espíritas reencarnados têm essa responsabilidade, esse encargo a
cumprir, selecionar os assuntos, pata fortalecer e amparar a criança diante do
futuro.
102
– PROGRAMAÇÃO DAS AULAS INFANTIS
P
– Em face do desenvolvimento mental da criança, da influência dos méis de
comunicação do processo de aprendizagem, justifica-se-ia a programação de aulas
predominantemente de Doutrina Espírita?
R
– Pelo menos depois de 8 a 10 anos de idade, acreditamos que sim, porque a
mente infantil de 9 a 10 anos de idade, já se encaminha para uma posição
consolidada na reencarnação, que a criança está começando a viver.
Aos
10 anos, dos 10 aos 12, temos um mundo de informações para dar à criança, está
encontrando hoje, um mundo muito diferente daquele que os adultos de agora
encontraram há 40, 50, 30 anos atrás. Há muitos pequeninos que são chamados aos
8, 9, 10 e 11 anos de idade a facear problemas que só adultos conheciam há 10
anos passados. Hoje, autoridades da Europa e da América do Norte, em diversos
comentários e estudos de revistas de divulgação cientifica, muitas autoridades
andam impressionadas, com o suicídio entre crianças, suicídio de crianças de
10, de 11, de 12, de 13.
Ainda
ontem, tivemos em nossa casa, aqui na Comunhão Espírita Cristã, um casal de São
Paulo que vinha desolado à procura de reconforto, porque o filho único do
casal, um menino de 12 para 13 anos se enforcou deliberadamente, tão-só porque
encontrou negativa da parte dos pais, para ir ao cinema, depois de ter ido ao
cinema durante algumas noites consecutivas. Isto é muito importante.
Estes
suicídios nessa idade não eram comuns, nem eram mesmo conhecidos há 15, 20 anos
atrás. Crianças que sofrem a perda de pais ou que são abandonadas pelos pais e
que se suicidam mesmo, se afogam, se envenenam, procurando armas, atiram contra
si próprias. Isto é um problema sério para todos aqueles que se sentem vinculados
à tarefa de socorro à criança.
103
– O ENSINO E A REALIDADE
P
– O que o senhor tem a nos dizer sobre material didático constante de apólogos
e símbolos para as Escolas de Evangelização, desde a faixa de 5 a 13 anos?
R
– Nós estamos vendo discussão em torno deste assunto, por toda parte. Uns não
querem que a criança ouça apólogos com vozes humanas em animais, outros exigem
que este material seja posto em função. Não estando dentro do movimento de
educação da criança nos meios espíritas, nós não temos o direito de opinar,
porque só devemos opinar num assunto quando estamos em atividade dentro dele.
Mas,
como criatura humana que sou, creio que até os 6 anos nessa faixa, uma árvore,
uma borboleta, uma fonte, uma andorinha conversar, isto ajuda muito a criança.
Agora,
depois dos 6, 7 anos é interessante que a criança, entre num mundo de realidade
objetivas, para que ela não acuse o adulto de mentiroso. Mas, não devemos legar
tão longe essa idéia de que estejamos mentindo.
A
criança nos primeiros tempos de vida, tem necessidade da história tocada de
amor, tocada de ternura, beleza, espiritualidade. E o apólogo em que os animais
comparecem conversando entre si, dando lições, este apólogo é sempre um agente
muito proveitoso no esclarecimento da mente.
Não
vemos nenhum inconvenientemente, mas deixamos o assunto para os técnicos.
(“A
Terra e o Semeador” de Francisco C. Xavier – Espírito Emmanuel)
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